A classe política africana está a ser particularmente afetada pela pandemia de covid-19, havendo registo de um chefe de Estado e um primeiro-ministro em quarentena, numerosos ministros infetados e uma vice-presidente do parlamento morta.
O chefe de Estado do Botsuana, Mokgweetsi Masisi, está em quarentena depois de ter regressado de uma viagem à Namíbia, tal como o primeiro-ministro e da Costa do Marfim, Amadou Gon Coulibaly.
Coulibaly, que é também o candidato do partido no poder às presidências de outubro, entrou em confinamento depois de ter estado em contacto com uma pessoa que deu positivo no teste à infeção pelo novo coronavírus.
De acordo com fontes governamentais, citadas pela agência France-Presse, há também uma dezena de “altas personalidades” da Costa do Marfim em quarentena ou isolamento.
No Burkina Faso, a segunda vice-presidente da Assembleia Nacional, Rose-Marie Compaoré, morreu da doença e pelo menos sete ministros confirmaram estar infetados.
O Conselho de Ministros passou a ser feito por videoconferência para evitar a todo o custo que o chefe de Estado, Roch Marc Christian Kaboré, seja contagiado.
Entre os membros do Governo infetados, está o ministro dos Negócios Estrangeiros, Alpha Barry, que a 18 de março troçou publicamente de rumores sobre a sua contaminação.
Dois dias mais tarde, seria o próprio Barry a confirmar que o seu teste ao vírus tinha dado positivo.
Fonte da presidência da Nigéria, citada pela AFP, adiantou que a classe política em Abuja “está em pânico depois de o chefe de gabinete [do chefe de Estado] ter dado positivo” para o novo coronavírus.
Vários políticos, incluindo governadores e o vice-presidente, estão em quarentena depois de terem estado em contacto com dois casos positivos, incluindo o homem de confiança do Presidente Muhammadu Buhari, Abba Kyari.
Na República Democrática do Congo, as autoridades não confirmam que figuras públicas estejam entre os casos de coronavírus, mas vários meios de comunicação social noticiaram que a ministra da Economia, Acacia Bandubola, foi infetada, enquanto o seu irmão e vice-chefe de gabinete, Dédié Bandubola, foi uma das primeiras mortes registadas.
Na Tanzânia, é a oposição que está s ser afetada com a quarentena voluntária da família do líder da oposição, Freeman Mbowe, cujo filho contraiu a doença.
“É a doença da elite globalizada. São as pessoas que viajam ou que estão em contacto com pessoas que viajam as mais afetadas, pelo menos no início. Em África, esses são principalmente os políticos", aponta o cientista político da Costa do Marfim, Jean Alabro.
O número de mortes causadas pela covid-19 em África subiu hoje para 85 com os casos acumulados a ultrapassarem os 3.200 em 46 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia.
O continente conta ainda com 254 doentes recuperados, números que baixam o total de infeções ativas para 2.989.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.