A Itália poderá atingir “nos próximos dias” o pico da pandemia da covid-19 que já provocou mais de 8.100 mortos e cerca de 80.000 casos, considerou hoje o presidente do Instituto Superior da Saúde (ISS)
“Queria ser claro num ponto. Não atingimos o pico, ainda não o ultrapassámos. Existem sinais de diminuição [do número de casos], fazendo-nos acreditar que estamos próximos, que poderemos chegar ao pico nos próximos dias”, declarou Silvio Brusaferro em declarações aos media.
Após sublinhar que as “medidas adotadas”, como o confinamento dos italianos ou a interrupção das suas atividades em todos os domínios não essenciais “produzem o seu efeito”, Brusaferro sublinhou que “o crescimento” do número de novos casos “está em vidas de abrandar, mas não é suficiente”.
O ISS é o instituto público de referência em Itália e o único a “certificar” oficialmente que uma morte está relacionada, ou não, com a pandemia da covid-19.
Fabrizio Pregliasco, um virologista, considerou hoje na Radio Capitale que não vai ocorrer “um pico único, porque o pico italiano é a soma dos picos das províncias e das comunas”.
“Na perspetiva da Itália, a situação é ligeiramente positiva em relação ao aumento das variações diárias, como as registadas ontem [quinta-feira]”, explicou.
“É o sinal da ação positiva das medidas de distanciamento social, e que devem prosseguir, porque estes resultados, e sabíamo-lo, vão chegar no próximo fim de semana e nos primeiros dias da próxima semana”, assinalou ainda Pregliasco.
O presidente da Lombardia, a região mais atingida, apelou por sua vez para que não seja interpretado de forma exagerada o aumento de casos positivos ao novo coronavírus registados quinta-feira nesta zona do norte de Itália, com mais de 2.500 testes positivos, contra 1.600 na véspera.
“Numa fase de estabilização pode ocorrer um pico durante um dia”, disse, numa referência ao aumento do número de testes positivos.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 112.200 são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com mais de 292 mil infetados e quase 16 mil mortos, é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 8.165 mortos em 80.539 casos registados até quinta-feira.
A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 4.858, entre 64.059 casos de infeção confirmados até hoje, enquanto os Estados Unidos são desde quinta-feira o que tem maior número de infetados (mais de 85 mil).
A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, conta com 81.340 casos (mais de 74 mil recuperados) e regista 3.292 mortes. A China anunciou quinta-feira 55 novos casos, quase todos oriundos do exterior, e mais cinco mortes, numa altura em que o país suspendeu temporariamente a entrada no país de cidadãos estrangeiros, incluindo residentes.
Os países mais afetados a seguir a Itália, Espanha e China são o Irão, com 2.378 mortes reportadas (32.332 casos), a França, com 1.696 mortes (29.155 casos), e os Estados Unidos, com 1.178 mortes.
O número de mortes em África subiu hoje para 85, com os casos acumulados a ultrapassarem os 3.200 em 46 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia.
Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.