O Instituto de Medicina Molecular (IMM) da Universidade de Lisboa está desde hoje a fazer testes de diagnóstico de covid-19, podendo realizar 300 por dia numa primeira fase, disse à Lusa a coordenadora do projeto.
Vanessa Luís, investigadora do IMM, disse à Lusa que hoje mesmo a equipa recebeu a validação do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e que a partir de agora podem ser feitos no IMM cerca de 300 testes por dia.
A responsável disse que para já vão ser feitos testes para o Hospital de Santa Maria e que também devem começar a ser feitos para o Hospital da Cruz Vermelha.
Vanessa Luís disse que tudo começou há cerca de uma semana, quando os investigadores perceberam que também podiam fazer testes no IMM e que uma pequena equipa começou de imediato a trabalhar nesse sentido.
“Quando olhámos para o protocolo percebemos que são técnicas que usamos no laboratório diariamente”, explicou a investigadora à Lusa. Uma equipa de quatro pessoas começou então a trabalhar na criação de condições para fazer diagnósticos em larga escala, enquanto era pedida validação ao INSA.
Nos últimos dias equipas do IMM fizeram testes a amostras iguais às do INSA e chegaram aos mesmos resultados, tendo o INSA validado hoje mesmo o projeto.
Por isso, a partir de hoje, o IMM está apto a fazer testes para diagnosticar a covid-19, com a ajuda de mais investigadores. Vanessa Luís disse à Lusa que com a validação foram contactados outros investigadores e 60 disseram estar prontos para trabalhar a fazer diagnósticos.
“Não inventámos nada, o que fizemos foi adaptar o protocolo e o kit para este propósito”, disse a investigadora, explicando que o IMM vai usar reagentes que são produzidos por uma empresa portuguesa, o que também dá garantias de não faltar matéria prima.
A empresa, explicou também, está a desenvolver uma versão de um kit mais rápido, para aumentar a capacidade. “Esperamos em poucos dias poder duplicar a capacidade”, disse a responsável, acrescentando que os testes demoram três a quatro horas a ser feitos.
O IMM, disse também a investigadora, está já a pensar no passo seguinte, que são os testes para perceber a imunidade da população, já que o atual teste só permite esclarecer se a pessoa está ou não infetada.
“O IMM está a dar os primeiros passos porque temos de começar a analisar o estado de imunidade da população. Não sabemos o que vai acontecer no próximo inverno e essa análise é importante para prever o que vai acontecer”.
Segundo Vanessa Luís os testes têm um custo aproximado de 30 euros, sem contar com a mão de obra nem os gastos do IMM decorrentes desse trabalho.
Um novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais 480 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 22.000.
Em Portugal, registaram-se 60 mortes, mais 17 do que na véspera (+39,5%), e 3.544 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que identificou 549 novos casos em relação a quarta-feira (+18,3%).
O país está em estado de emergência até 02 de abril devido à pandemia.