Quem desrespeitar as regras de confinamento obrigatório no Reino Unido, imposto na segunda-feira pelo governo britânico, está sujeito a multas de 30 libras (33 euros), revelou hoje o ministro da Saúde, Matt Hancock.
"Estas medidas não são conselhos: são regras e serão feitas cumprir, incluindo pela polícia, com multas desde 30 libras até um valor ilimitado por falta de cumprimento”, afirmou, numa intervenção hoje à tarde no parlamento britânico.
Hancock avisou que a pandemia de covid-19 está a "acelerar rapidamente” e que as medidas tomadas são “absolutamente necessárias” para travar o ritmo de transmissão, aliviar a pressão sobre o Sistema Nacional de Saúde [NHS] e salvar vidas.
O governo britânico ordenou na segunda-feira aos britânicos para permanecerem em casa, depois de intensa pressão da imprensa, especialistas e da oposição, intensificando as medidas para reduzir a propagação da covid-19.
Numa comunicação ao país transmitida pela televisão, o primeiro-ministro, Boris Johnson, disse que só devem sair para fazer “compras de bens essenciais o menos frequentemente possível, uma forma de exercício por dia, como correr, andar ou andar de bicicleta, sozinho ou com membros do agregado familiar, por necessidade médica ou para ajudar uma pessoa vulnerável e para ir para o emprego, mas só quando for necessário”.
Quem não cumprir as regras poderá ser multado pela polícia, que também terá poderes para dispersar ajuntamentos de mais de duas pessoas.
No primeiro dia de confinamento, o trânsito automóvel foi reduzido e as ruas de Londres, geralmente movimentadas durante a hora de ponta da manhã, estavam silenciosas em muitas zonas.
Porém, imagens partilhadas nas redes sociais e na imprensa britânica mostravam carruagens de metro lotadas, dificultando o respeito pelas regras de distanciamento de pelo menos dois metros entre as pessoas.
"Não posso dizer com maior ênfase: devemos parar todo o uso desnecessário de transportes públicos. Ignorar essas regras significa que vidas serão perdidas", vincou o ‘Mayor' de Londres Sadiq Khan, através da rede social Twitter.
O endurecer das medidas de distanciamento social é um resultado de uma sucessão de apelos do governo aos britânicos, que começou no início de março com uma campanha para a população lavar as mãos, seguida pelo conselho ao auto-isolamento à pessoas com sintomas.
Só na semana passada é que as autoridades urgiram as pessoas a evitar contactos sociais desnecessários e apenas dias mais tarde ordenaram o encerramento de escolas e de estabelecimentos comerciais como bares, restaurantes, teatros, cinemas.
O governo perdeu a “janela de contenção” do vírus há várias semanas e a “hesitação e falta de transparência” na forma como foram tomadas as decisões, que o governo atribui a parecer científico, vai custar milhares de vidas, escreveu hoje a professora de Saúde Global na Universidade de Edimburgo, Devi Sridhar, no jornal The Guardian.
Na sua opinião, para reduzir o ritmo de contágio, o confinamento terá de ser acompanhado pelo teste em massa de pessoas, da identificação dos seus contactos e respetivo isolamento, aumento de capacidade do sistema de saúde e maior proteção dos médicos e enfermeiros.
“Temos de correr para compensar o tempo perdido com dois meses de passividade”, urgiu.
O balanço de hoje feito pelo Ministério da Saúde britânico confirmou 422 óbitos entre 8.077 casos positivos de pessoas infetadas com a covid-19, identificadas após testes a 90.436 pessoas.