O Vaticano está sob pressão para deixar mais funcionários trabalharem a partir de casa, já que muitos dos seus escritórios continuam abertos duas semanas depois de o governo italiano ter ordenado à população para ficar em casa.
As medidas de emergência decretadas pelo governo de Itália para conter a propagação do novo coronavírus implicam também o encerramento de todos os serviços não essenciais.
Funcionários do Vaticano em três repartições diferentes manifestaram-se hoje preocupados por os superiores adotarem políticas distintas para o trabalho em casa.
As preocupações, dando conta de que as diferentes abordagens colocam as pessoas em risco de exposição, têm aumentado porque muitos funcionários do Vaticano vivem em residências de padres ou comunidades religiosas e comem juntos.
Elementos de duas ordens religiosas em Roma já testaram positivo para o novo coronavírus, que provoca a doença Covid-19.
Em toda a Itália, mais de 50 padres infetados com o vírus morreram, a maioria idosos e na Lombardia, a região mais afetada, disse a conferência episcopal italiana.
Os escritórios do Vaticano que lidam com assuntos particularmente sensíveis – como a Congregação para a Doutrina da Fé – disseram aos funcionários para se apresentarem cinco dias por semana para garantirem que documentos, pastas e arquivos, não saíssem do escritório, segundo um empregado que falou sob a condição de anonimato por não estar oficialmente autorizado a falar à comunicação social.
Os responsáveis pelo departamento do Vaticano que supervisiona o trabalho da igreja no mundo em desenvolvimento, conhecido como Propagação da Fé, ainda exigem que os funcionários entrem ao serviço pelo menos duas vezes por semana.
A exigência significa que os elementos da equipa que vivem fora do centro de Roma têm de usar diferentes transportes públicos no percurso, afirmou Karlijn Demasure, cujo marido trabalha no escritório da missão.
O governo ordenou aos italianos que fiquem em casa, a não ser por motivos de extrema necessidade.
A Secretaria de Estado do Vaticano – o principal órgão de governo da Santa Sé – emitiu na segunda-feira novas orientações para os funcionários sobre quando precisam de se apresentar no trabalho.
De acordo com a circular, de que a agência Associated Press consultou uma cópia, a Secretaria de Estado instou as pessoas a trabalharem de casa quando possível, mas disse que os funcionários devem ir para o escritório se viverem na Cidade do Vaticano ou nas imediações.
As orientações também sugerem que os empregados podem usar agora as licenças de férias anuais em vez de irem trabalhar, apesar de poucos dispensarem as tradicionais férias em agosto, quando o Vaticano e o resto de Itália ficam praticamente parados.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 386.000 pessoas em todo o mundo, das quais cerca de 17.000 morreram.
O continente europeu é aquele onde está a surgir atualmente o maior número de casos, e Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 6.077 mortos em 63.927 casos. Segundo as autoridades italianas, 7.024 dos infetados já estão curados.