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Covid-19: Air Timor só garante mais dois voos para Singapura - ressponsável

LUSA
20-03-2020 10:37h

A Air Timor só vai garantir mais dois voos, nos dois próximos domingos, entre Díli e Singapura, disse à Lusa um responsável da empresa.

“Nesta altura podemos garantir que os voos deste domingo e de domingo 29 de março vão operar”, afirmou Syed Abdul Rahman.

“Depois disso ainda estamos a olhar para a situação. As coisas estão a mudar radicalmente em termos de voos e restrições e temos de decidir o que fazer depois disso”, acrescentou.

O mesmo responsável adiantou que, na sequência da intervenção do antigo Presidente timorense José Ramos-Horta, a AirTimor apresentou ao Governo uma proposta para manter a rota aberta, mesmo que reduzida a um voo semanal.

“Trata-se de apoiar no mínimo com o custo do 'charter' e da operação”, referiu Syed Abdul Rahman, mas até ao momento não houve qualquer resposta do executivo.

À Lusa, José Ramos-Horta lamentou não ter sido dada até agora “uma resposta de cortesia” à Air Timor pelo Governo timorense, depois das diligências que fez junto do primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Dionísio Babo.

“Só posso falar pelos atos e a verdade é que, até agora, a Air Timor não tem sequer uma resposta de cortesia da parte do Governo. E eu, quanto a isso, rendo-me porque só posso fazer até determinado ponto”, afirmou.

“Fora disso, se o Governo não age com a urgência que a situação exige, nada mais posso fazer ou dizer”, considerou.

Fontes diplomáticas disseram à Lusa que, entre outras questões, a questão da manutenção dos voos foi discutida hoje, durante uma reunião do corpo diplomático com Dionísio Babo.

Ramos-Horta argumentou ser de “extrema importância de manutenção deste voo Singapura-Díli-Singapura, mesmo que não pelos passageiros, porque todos sabem que os aviões estão quase vazios”.

“Se não por eles, é pela extrema importância de manter uma ligação aérea com um 'hub' regional, sobretudo como é Singapura, para por exemplo viagens repentinas urgentes que é preciso fazer, para carga área, nomeadamente equipamentos, alimentação ou bens médicos”, disse.

“Praticamente todas as embaixadas em Díli e o sistema da ONU apelaram ao primeiro-ministro para manter esta linha sem a qual torna-se difícil a operacionalidade de muitas embaixadas e Timor fica completamente cortado, isolado”, afirmou.

O mesmo ocorre no caso do voo da Air North, com Darwin, que é “necessário manter neste período de ameaça do coronavírus”, pela eventual “necessidade urgente de medicamentos e equipamento que Darwin pode fornecer”, e por todos os testes de casos suspeitos que têm de ser enviados para esta cidade australiana.

“É o Estado de Timor que tem que garantir os voos e não é a companhia aérea que desde janeiro voa graças ao financiamento de Ed Ong, do projeto Pelican Paradise”, disse Ramos-Horta.

“Ele gasta pelo menos uns 70 mil dólares por voo, agora sem qualquer retorno, obviamente. E graças a ele é que esses voos se têm mantido”, afirmou.

Timor-Leste está sem casos confirmados da Covid-19.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 235 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 9.800 morreram.

Das pessoas infetadas, mais de 86.600 recuperaram da doença.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se já por 179 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

 

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