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Covid-19: Pescadores de Caminha queixam-se de “situação caótica” e pedem ajuda ao Governo

19-03-2020 20:25h

O presidente da Associação de Pescadores do Rio Minho e do Mar (APPRMM)disse hoje que a comunidade de Caminha está em situação caótica por não ter como escoar o pescado e apelou ao Governo que tome medidas rapidamente.

"Vemo-nos sem poder pescar a nossa lampreia porque não temos a quem a vender e também não temos um espaço físico onde vender o peixe. Pedimos que o Governo olhe rapidamente para este setor, senão será o caos instalado. Estamos há mais de 15 dias sem ganhar um euro", afirmou Augusto Porto.

O responsável da associação explicou a comunidade piscatória do concelho de Caminha, no distrito de Viana do Castelo, "depende fundamentalmente" da pesca da lampreia, atualmente sem escoamento.

"Desde sábado, ficámos sem toda a restauração que habitualmente comprava lampreia e que fechou. Os intermediários também deixaram de comprar. Estamos a viver uma situação caótica a nível financeiro para as nossas pequenas empresas e para as cerca de 300 famílias que dependem do sustento do rio", reforçou.

Augusto Porto adiantou que o encerramento do mercado municipal veio agravar a situação dos pescadores.

"Compreendemos e concordamos inteiramente com o encerramento decidido pela Câmara de Caminha porque o mercado deixou de ter condições, mas ficámos sem local físico para vender o nosso peixe", lamentou.

O presidente da APPRMM disse ainda que o encerramento da Docapesca, "por razões óbvias de saúde pública", deixou "toda a comunidade piscatória à deriva".

"A solução que a Docapesca nos arranjou foi a de sermos nós a comprar o nosso próprio peixe e sermos nós a vendê-lo. Não cabe na cabeça de ninguém, neste momento de pandemia, sermos nós a vender o pescado, de porta em porta, por não termos canais de venda ou local físico para o efeito", explicou.

Augusto Porto disse que contactou o presidente da Câmara de Caminha, que informou "não ter muitas soluções, porque ainda não estão criadas".

"Nós não vamos ao mar porque não queremos estragar recursos. Os setores primários, como a pesca, estão sem saber o que fazer", reforçou.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 235 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 9.800 morreram.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se já por 177 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 785, mais 143 do que na quarta-feira.

O número de mortos no país subiu para quatro, com anúncio da morte de uma octogenária em Ovar, feito pelo presidente da câmara local, horas depois de a DGS ter confirmado a existência de três vítimas mortais até às 24:00 de quarta-feira em Portugal.

Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de hoje, depois de a Assembleia da República ter aprovado na quarta-feira o decreto que lhe foi submetido pelo Presidente da República, com o objetivo de combater a pandemia de Covid-19.

Hoje, o Conselho de Ministros aprovou as medidas que concretizam o estado de emergência, como o "isolamento obrigatório" para doentes com Covid-19 ou que estejam sob vigilância ativa, sob o risco de "crime de desobediência", a generalização do teletrabalho" para todos os funcionários públicos que o possam fazer, o fecho das Lojas do Cidadão, bem como dos estabelecimentos com atendimento público, com exceção para, entre outros, as mercearias e supermercados, postos de abastecimento de combustível, farmácias e padarias.

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