A polícia dos serviços de imigração dos Estados Unidos anunciou hoje a suspensão da maior parte das detenções e das expulsões de imigrantes sem documentação, devido à crise sanitária ligada ao novo coronavírus.
Para proteger "os cidadãos e os seus agentes", o Serviço de Imigração e Controlo Aduaneiro (ICE, na sigla inglesa) decidiu "concentrar" os seus meios nas pessoas que representam um "risco à segurança pública" ou limitar-se a "aprisionar por motivos criminais".
Para os demais casos, a ICE adiantou que "vai retomar as suas operações no período pós-crise ou utilizar alternativas à detenção", segundo um comunicado enviado à imprensa.
Quanto às detenções que vão prosseguir, estas não podem ocorrer perto ou nos centros de saúde, exceto nas "circunstâncias mais extraordinárias", esclareceu ainda a polícia migratória.
"Ninguém deve desistir do tratamento por medo da ação para manter as leis de migração", continuou a ICE.
Com mais de 10 milhões de imigrantes sem situação irregular a viverem nos Estados Unidos, a polícia de imigração realiza cerca de 250.000 deportações por ano, a maioria das quais relativas a pessoas detidas por violarem outras leis.
O presidente republicano, Donald Trump, que tem feito da luta contra a imigração ilegal uma das suas prioridades, tem procurado aumentar as expulsões, com a promessa de devolver "milhões" de imigrantes sem documentos aos seus países.
Desde o início da pandemia de Covid-19 nos Estados Unidos, que já infetou mais de 10.000 pessoas e causou 154 mortes, ativistas têm pedido a libertação dos imigrantes colocados em centros de detenção.
A ICE foi até alvo de uma ação judicial, na segunda-feira, com o intuito de a forçar a libertar os imigrantes ilegais mais vulneráveis detidos num centro do estado de Washington, epicentro da doença, no noroeste do país.
Já os tribunais especializados nas questões de imigração suspenderam algumas audiências, estando a realizar outras por telefone.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, infetou mais de 231 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 9.350 morreram.