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Covid-19: Filipinas cancelam prazo para saída de estrangeiros da zona norte do paí

LUSA
18-03-2020 17:14h

As Filipinas decidiram hoje cancelar o prazo de 72 horas que tinha sido dado a milhares de turistas estrangeiros, incluindo portugueses, para abandonar a região norte daquele país, colocada em quarentena devido ao crescente número de infetados pela Covid-19.

“Não queremos pressioná-los, porque será mais difícil para eles, então levantámos” o prazo, afirmou um representante governamental, Karlo Nograles.

O Presidente filipino, Rodrigo Duterte, declarou uma quarentena de um mês, em vigor desde terça-feira, que exige que as pessoas fiquem principalmente em casa e restringe as viagens terrestres, aéreas e marítimas em Luzon, a principal ilha do arquipélago de mais de 100 milhões de pessoas.

Inicialmente, as autoridades filipinas pediram aos viajantes estrangeiros, incluindo muitos turistas, que deixassem Luzon dentro de um prazo de 72 horas, ou seja até sexta-feira, uma vez que todos voos daquela região seriam suspensos.

O prazo foi agora levantado, com as autoridades filipinas a indicarem que os viajantes e turistas estrangeiros poderão sair de Luzon a qualquer momento.

No entanto, estes cidadãos estrangeiros poderão ter poucas opções, uma vez que as restrições impostas desencadearam a suspensão dos transportes públicos e algumas companhias aéreas cancelaram voos internacionais.

Na terça-feira, várias fontes indicaram à Lusa que pelo menos 100 turistas portugueses estavam retidos nas Filipinas, "aflitos" e "desesperados", sem conseguirem regressar a Portugal.

"Na última contagem, eram sensivelmente 120", porque "há muita gente que está retida em ilhas", explicou na altura Emanuel Mosca, um dos turistas afetados.

Também à Lusa, na terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse que o caso dos turistas retidos nas Filipinas estava a ser acompanhado pela embaixada em Jacarta porque Portugal não tem representação nas Filipinas.

"Falei esta manhã com o embaixador (na Indonésia) e a embaixada e a secção consular estão em contacto com todos os componentes daquele grupo de turistas portugueses cuja circulação foi prejudicada por decisões às vezes contraditórias das autoridades centrais e regionais das Filipinas", relatou na altura Augusto Santos Silva acrescentando que era de esperar movimentos de coordenação com outros Estados europeus.

Já hoje Daniela Pinto, que faz parte de um grupo de portugueses que tentam regressar a Portugal, disse à Lusa que os aviões militares filipinos que deveriam transportar esta quarta-feira para Manila (capital) estrangeiros retidos em Cebu foram cancelados.

"É um desespero", disse a natural de Lamego, lamentando que os voos prometidos pelo Governo filipino que poderiam ajudar alguns dos mais de 100 portugueses retidos nas Filipinas estejam a ser continuamente adiados, tendo sido apontada uma nova data para quinta-feira.

Nas Filipinas estão registados mais de 200 casos de infeção com o novo coronavírus e 17 mortos.

O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou, até à data, mais de 200 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 8.200 morreram.

Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 82.500 recuperaram da doença.

O surto começou na China, em dezembro, e espalhou-se por mais de 146 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Depois da China, a Europa tornou-se o epicentro da pandemia.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 642, mais 194 do que os contabilizados na terça-feira.

Portugal regista duas vítimas mortais da doença Covid-19 e três doentes já recuperados.

 

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