Familiares de pessoas que morreram devido à covid-19, no Reino Unido, pediram hoje a anulação de todos os benefícios concedidos ao ex-primeiro-ministro Boris Johnson, após uma investigação pública ter considerado "caótica" a sua gestão da pandemia.
Em comunicado, o grupo “Covid-19 Bereaved Families for Justice UK" atacou diretamente o ex-primeiro-ministro conservador, descrevendo as suas ações durante a pandemia como "uma das mais graves traições ao povo britânico na história moderna".
O antigo líder "deve ser responsabilizado", continuou o comunicado, acrescentando que antigo político já não deveria ter "qualquer papel na vida pública".
As famílias pedem retirada de "todos os privilégios" financeiros e institucionais ligados ao seu antigo cargo, incluindo a a remuneração de primeiro-ministro e o lugar no prestigiado Conselho Privado, um grupo de conselheiros do monarca composto maioritariamente por antigos ministros.
"É intolerável que se espere que as famílias enlutadas subsidiem o estilo de vida do homem cujas decisões levaram à morte dos nossos entes queridos", argumentam.
O Governo britânico concede uma pensão vitalícia de até 115.000 libras por ano (130.000 euros) aos seus antigos primeiros-ministros, entre outros benefícios.
Nas conclusões, divulgadas na quinta-feira, a investigação afirmou que algumas das 226 mil mortes ligadas à pandemia, um dos maiores números de mortes na Europa, poderiam ter sido evitadas se o Governo britânico tivesse "levado a sério a ameaça representada pelo vírus".
A investigação apontou claramente o dedo à Administração de Boris Johnson, acusando-o de ser demasiado "otimista" no início de 2020. Acrescentou que o seu próprio comportamento "minou a mensagem séria que deveria estar a transmitir ao público".
As famílias indicaram ainda que estão a explorar "todos os meios legais para responsabilizar pessoalmente Boris Johnson pelas suas ações durante a pandemia".
"A justiça para aqueles que perdemos significa consequências reais para aqueles que falharam com eles, e não vamos parar até que essa justiça seja feita", afirmou o grupo.