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Covid-19: Austrália pede aos cidadãos para não viajarem para o estrangeiro

LUSA
18-03-2020 09:17h

A Austrália apelou hoje aos seus cidadãos para não viajarem para o estrangeiro e anunciou medidas sem precedentes para contrariar a pandemia do novo coronavírus.

Numa conferência de imprensa, em Sydney, o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, tinha falado de uma "proibição por um período indeterminado" das viagens para o estrangeiro, de acordo com a agência de notícias France-Presse (AFP).

Mas o conselho oficial publicado pelo Governo, que elevou o nível de alerta, num total de quatro níveis, para quatro é: "Não viaje para o estrangeiro nesta altura", esclareceu agora a AFP.

Na página oficial do Governo australiano de recomendações aos viajantes, o alerta é de "crise" e o conselho em relação à Covid-19 e a viagens é claro: "Não viaje para o estrangeiro nesta altura. Se pretende regressar a casa, faça-o o mais depressa possível".

"Qualquer que seja o vosso destino, a vossa idade ou o vosso estado de saúde, aconselhamos a não viajarem nesta altura", indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros australiano, no alerta emitido.

Numa conferência de imprensa, em Sydney, Scott Morrison pediu aos australianos para não viajarem para o estrangeiro para atrasar a propagação do coronavírus SARS-CoV-2.

“Se retardarmos a disseminação [da doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2)], salvaremos vidas. Não vão para o exterior. Esta instrução é muito clara”, disse.

O Governo australiano sublinhou que há cada vez mais países com fronteiras fechadas ou que introduziram restrições a viagens, o que torna viagens complexas e difíceis, podendo impedir australianos de regressar caso necessitem.

Os australianos que regressem ao país terão de cumprir um período de quarentena de 14 dias.

Na mesma conferência de imprensa, Morrison anunciou que a proibição concentrações no interior de mais de 100 pessoas, depois de já terem sido proibidos eventos no exterior com mais de 500 pessoas.

"Este é um acontecimento que ocorre uma vez em 100 anos", afirmou o responsável sobre a pandemia. "Não víamos este tipo de coias na Austrália desde o fim da Primeira Guerra Mundial", salientou.

"A Austrália vai continuar a funcionar, (mas) não será parecido com a normalidade", alertou Morrison, ao avisar que estas medidas se iam prolongar por pelo menos seis meses.

A Austrália registou mais de 500 casos de infeções pelo novo coronavírus, e cinco mortos.

O número de casos novos está a aumentar todos os dias e a maioria das novas infeções é identificada em pessoas que viajaram e em contactos próximos destes.

As duas principais transportadoras aéreas australianas, Qantas e Virgin Australia, reduziram os voos internacionais em 90% e 100%, respetivamente.

No entanto, Morrison rejeitou os apelos crescentes para o encerramento de escolas, centros comerciais e médicos, bem como para a suspensão dos transportes públicos.

As repercussões destas medidas na sociedade seriam "severas" e custariam "dezenas de milhares de empregos", argumentou.

"Independentemente do que fizermos, devemos fazê-lo durante pelo menos seis meses", declarou. Morrisson acrescentou que uma suspensão tão alargada das aulas afastaria 30% dos profissionais de saúde dos postos, uma vez que os pais teriam de ficar em casa com os filhos.

O principal responsável médico australiano, Brendan Murphy, também excluiu medidas de isolamento, impostas em vários países europeus e do mundo. "Uma paragem a curto prazo, de duas a quatro semanas, da sociedade não é recomendada por nenhum dos nossos peritos", declarou.

"Não serve para nada, devemos concentrar-nos no longo prazo", sublinhou Murphy, que falou ao lado do primeiro-ministro australiano.

Scott Morrison pediu ainda à população para não correr aos supermercados e fazer açambarcamentos: "Parem de fazer isso. É ridículo! É anti-australiano e deve parar. Estamos todos no mesmo barco".

O coronavírus responsável pela pandemia da Covid-19 infetou mais de 189 mil pessoas, das quais mais de 7.800 morreram.

Das pessoas infetadas em todo o mundo, mais de 81 mil recuperaram da doença.

Os países mais afetados depois da China são a Itália, com 2.503 mortes para 31.506 casos, o Irão, com 988 mortes (16.169 casos), a Espanha, com 491 mortes (11.178 casos) e a França com 148 mortes (6.633 casos).

Face ao avanço da pandemia, vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

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