O ex-presidente da Câmara do Porto Rui Moreira revelou hoje, numa palestra, que o seu maior erro enquanto autarca foi ter cedido ao pânico alheio e instalado um hospital de campanha durante a pandemia da covid-19.
Rui Moreira foi o convidado do ISAG - European Business School para a sua aula inaugural, para apresentar o tema "Empreender cidades, inspirar pessoas: uma estratégia para o futuro", com uma análise à evolução das cidades contemporâneas, os desafios da governação urbana e o papel das novas gerações na construção de territórios mais dinâmicos e competitivos.
Na fase de perguntas, o ex-autarca foi desafiado a revelar qual o seu maior erro, tendo imediatamente Rui Moreira relatado que, durante a pandemia foi instado pelo então presidente da delegação do Porto da Ordem dos Médicos, António Araújo, para montar um hospital de campanha.
"Seguramente que foi instalar o hospital de campanha no pavilhão Rosa Mota. Havia o receio de que a capacidade instalada dos hospitais no Porto não fosse suficiente e cedi ao pânico que vi no dr. António Araújo", revelou Rui Moreira, que afirmou "ter feito um grande investimento num equipamento que foi praticamente inútil".
E prosseguiu: "instintivamente achei que não iria ser necessário, mas não fui capaz de dizer que não".
Outro dos presentes quis saber o que ficou por fazer no mandato que acabou de terminar, elencando, na resposta, Rui Moreira a conclusão do matadouro municipal, o alargamento da Biblioteca Municipal, em São Lázaro, e os problemas de circulação na Estrada da Circunvalação.
A propósito do que foi feito e não pôde ser feito, Rui Moreira assinalou que "ter sido o único autarca independente da Área Metropolitana do Porto causou problemas à cidade".
Questionado por um aluno angolano se a aprovação da nova lei da imigração vai mudar o perfil do Porto nos próximos anos, o convidado começou por responder que a nova legislação, para si, "não era urgente", criticando depois quem associa a imigração à criminalidade.
Na fase da palestra, Rui Moreira revelou que "o grande desafio das cidades é tornarem-se autossuficientes em termos ambientais", pois as "empresas irão olhar com mais interesse para esses exemplos e entender que fazê-lo é um bom negócio também para elas".
"Serão as cidades que primeiro o fizerem quem vai atrair investimento", continuou Rui Moreira, alertando, contudo, que "não haverá sustentabilidade ambiental nas cidades sem sustentabilidade social", pois "isso t3m que se repercutir no bolso das pessoas".