O secretário-geral do PCP considerou hoje que a ministra da saúde só vai permanecer no Governo até dezembro para prosseguir o desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde, incluindo a centralização das urgências de obstetrícia da Península de Setúbal.
“É uma vergonha, é um descaramento total por parte do primeiro-ministro, ele que tem assumido para si as dores das opções da ministra, que tem assumido para si as opções de desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde que estão em curso -, e que agora vem dizer que vai demitir a ministra em dezembro”, disse Paulo Raimundo, confrontado com a notícia avançada pelo jornal Observador da possível saída do Governo de Ana Paula Martins no próximo mês.
Segundo revelou segunda-feira o Observador, o primeiro-ministro Luís Montenegro mantém confiança na ministra da Saúde, mas Ana Paula Martins está "cansada" e "farta" dos "interesses instalados", pelo que existe a possibilidade de sair do Governo em dezembro, depois de desenhar a nova Lei de Bases da Saúde.
“A ministra tem um papel a cumprir. O que o primeiro-ministro disse ontem foi que, quando a ministra concretizar o desmantelamento do Serviço Nacional de Saúde – e para nós, que estamos aqui na Península de Setúbal, quando a ministra concretizar aquilo que é uma ambição antiga, de centralizar as urgências da obstetrícia em Almada, acabando com as urgências em Setúbal e no Barreiro -, quando concretizar isso e quando escrever o preâmbulo da Lei de Bases da Saúde, então a ministra tem o seu papel cumprido e pode ir embora para uma administração qualquer de um hospital qualquer, de uma outra coisa qualquer”, acrescentou.
O líder comunista, que falava à agência Lusa à margem de uma iniciativa do PCP contra o novo pacote laboral junto dos trabalhadores da fábrica de automóveis da Volkswagen, em Palmela, no distrito de Setúbal, as medidas adotadas pelo atual Governo não dão resposta aos problemas dos utentes da saúde.
“Isto não se compadece com a vida das pessoas, isto não se compadece com os problemas dos utentes, com as grávidas, com a notícias que infelizmente vamos conhecendo todos os dias, que são uma desgraça e uma vergonha”, disse Paulo Raimundo.
“Isto é gozar, é empurrar com a barriga, é gozar e dar tempo à ministra para concretizar o plano que tem, que não é um plano da ministra, diga-se. É um plano da ministra, é um plano do primeiro-ministro, é um plano do Governo e é um plano dos grandes grupos económicos que querem fazer da doença um negócio”, frisou o líder comunista.