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Ideia de Putin e Xi de viver até aos 150 anos é hipótese apoiada pela ciência

Lusa
02-10-2025 00:41h

A conversa entre o Presidente russo, Vladimir Putin, e o homólogo chinês, Xi Jinping, captada por um microfone, onde discutiam a possibilidade de viver até aos 150 anos, não é uma fantasia, sendo assente numa ideia apoiada pela ciência.

A possibilidade captada no diálogo que ocorreu em setembro foi considerada viável na cimeira internacional da longevidade, que começou na quarta-feira em Madrid.

"Não tenho dúvidas. Não é que vamos ter mais 150 anos. Vamos ter menos 150 anos. E isso será para todos. Fará parte da Segurança Social, como as vacinas, os antibióticos ou os telemóveis, que costumavam ser para os multimilionários", referiu à agência Efe o engenheiro José Luis Cordeiro, organizador do encontro e fundador da Singularity University, em Silicon Valley (EUA).

A cimeira, que começou no Dia Internacional da Longevidade, reúne até hoje especialistas do Ilustre Colégio Oficial de Médicos de Madrid para discutir questões sobre os limites da vida, as novas terapêuticas e as implicações económicas de viver mais e melhor.

Em 2012, John B. Gurdon e Shinya Yamanaka receberam o Prémio Nobel da Medicina e Fisiologia por terem lançado as bases para a reprogramação de células adultas em células pluripotentes (tronco), capazes de se transformar em qualquer tipo de tecido.

"Está a começar o trabalho para o rejuvenescimento dos fígados, rins, pulmões e corações. Basicamente, vamos curar todas as doenças crónicas. Não haverá cancro, não haverá Alzheimer, não haverá Parkinson. O objetivo é viver indefinidamente jovem, não indefinidamente velho", acrescentou Cordeiro.

Para Mehmood Khan, diretor executivo da Fundação Hevolution, "o mundo não se pode dar ao luxo de continuar a depender de uma população jovem em declínio para cuidar de uma população cada vez mais idosa".

Segundo Vijay Vaswani, cofundador da empresa de biotecnologia Omniscope, "os atletas representam o paradigma do que significa estar totalmente operacional e energético".

"Têm menos doenças, são mais ativos e mantêm mais massa muscular. Vivemos num mundo onde os centenários já correm os 100 metros e competem", analisou.

O representante da Hevolution Foundation acrescenta que o objetivo é manter as pessoas saudáveis durante toda a vida.

"Há provas potencialmente fortes de que a saúde pode ser prolongada. A questão é: como é que a democratizamos para que esteja disponível para o maior número de pessoas?", destacou.

A dieta, o exercício e as relações familiares são alguns dos ingredientes que contribuem para viver mais e melhor.

"O envelhecimento é contextual. Não depende apenas da sua genética, mas também de onde envelhece, da sociedade em que vive, de como é o seu ambiente e das escolhas que faz", frisou Mehmood Khan.

A possibilidade de chegar aos 150 anos não é, para os especialistas, o reino da ficção científica.

O limite oficial atual, disse o biogerontólogo Steve Horvath à agência Efe, é de 122 anos.

"Adicionar mais 28 anos acontecerá em algum momento, sem dúvida. A questão é quando", apontou.

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