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ULS Amadora-Sintra quer soluções com médicos para garantir estabilidade na urgência

LUSA
25-07-2025 12:12h

O presidente da ULS Amadora-Sintra disse hoje estar a ver com "muita atenção e muito cuidado" o alerta de rutura da urgência geral feito por médicos do serviço, defendendo que a solução passa por diálogo individual e por bom senso.

Dezanove médicos do Serviço de Urgência Geral alertaram, numa carta aberta dirigida à administração, para a perda de capacitação e o risco de rutura iminente do serviço caso o atual rumo não seja revertido.

Questionado sobre este alerta no final de um encontro com uma delegação da Ordem dos Médicos sobre a situação da urgência após da entrada em funcionamento da urgência básica do novo Hospital de Sintra, o presidente da ULS Amadora-Sintra, Carlos Sá, disse aos jornalistas que o recebeu com “muita atenção e cuidado”.

Os especialistas afirmam que a carta é “a única forma de apelo” que lhes resta, após várias tentativas de diálogo formal e informal, mas Carlos Sá esclareceu que tem vindo a reunir-se com os chefes de equipa.

Carlos Sá avançou que, na sequência da carta, o conselho de administração, em vez de se reunir com chefes de equipa, vai passar a reunir-se individualmente com cada um dos médicos, “para que individualmente” se possa “encontrar soluções”.

“Nos casos em que - e estamos convencidos que isso será na maioria dos casos - for possível encontrar essa solução, excelente, porque sabemos que qualquer alternativa só é viável com os médicos, não é contra os médicos”, declarou.

Carlos Sá defendeu que pretende que os médicos “continuem a ser, como têm sido, parte da solução”, mas realçou que, “agora, todos têm que ter bom senso”.

Na carta, os especialistas alertam que “a rotatividade excessiva, a dispersão horária e a acumulação de funções em diferentes unidades desvirtuam o conceito de Serviço e comprometem seriamente a segurança dos cuidados prestados”.

Carlos Sá reconheceu que os profissionais da urgência “estão sobrecarregados”, mas afirmou que “estão hoje, como estavam há um ano, há dois e há três”.

“Temos efetivamente um problema de sobrecarga dos profissionais da urgência”, disse, enaltecendo “o empenho e a dedicação que diariamente colocam no desempenho da sua função e que é inexcedível” e que é reconhecida pela administração.

O presidente, que assumiu funções há quatro meses, disse que existe “uma questão diferente” relacionada com a distribuição da procura e dos recursos humanos que existem na urgência ao longo das 24 horas.

“Verificamos que, em alguns períodos, podemos redirecionar pessoas do período da manhã para o período da tarde. E o que estamos a fazer é adaptar, redirecionando as pessoas de um período para o outro, para melhor servir a população”, explicou.

Questionado se as críticas relativas aos horários se devem a esta mudança, o responsável afirmou que sim, explicando que há profissionais de saúde que estão habituados há muitos anos a ter um determinado horário e “não têm sido muito flexíveis” a alterá-lo.

Sobre se os médicos são informados com antecedência dessa mudança, disse que “na maior parte dos casos, essa mudança ainda nem sequer foi implementada, porque não tem havido aceitação”.

“O que estamos é a negociar calma e serenamente com as pessoas essas alterações, sempre em prol das pessoas que diariamente recorrem à urgência e que não podem continuar a estar 16 e 18 horas à espera”, defendeu.

Para isso, a ULS está a tentar otimizar, aproveitando a oportunidade da abertura do novo Hospital de Sintra, como os recursos que tem, quer de infraestruturas, quer médicos, para dar uma resposta melhor, garantindo sempre e salvaguardando a segurança do utente.

Referiu que a ULS Amadora-Sintra tem 63 novos médicos para a área hospitalar e o novo Hospital de Sintra vai ter um reforço de pelo menos mais três clínicos no início de agosto, além dos seis médicos atuais, cinco dos quais transitaram da anterior urgência básica de Algueirão Mem-Martins.

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