Moçambique pretende introduzir em 2026 o tratamento com Lenacapavir para prevenir a infecção por Vírus de Imunodeficiência Humana (VIH), até 90 mil doses iniciais, injetáveis, indicaram hoje as autoridades sanitárias.
“Temos estado a negociar a questão da introdução do medicamento para profilaxia pré exposição, que é Lenacapavir. Estamos a pensar que talvez entre 30 a 40 mil pessoas poderão beneficiar nessa fase inicial. (...) Significa que poderemos talvez ter entre 80 a 90 mil doses, como é a administração bianual”, explicou o secretário executivo do Conselho Nacional de Combate ao Sida (CNCS), Francisco Mbofana, em Maputo.
Lenacapavir é um medicamento injetável usado para prevenir a infeção pelo VIH, com estudos demonstrando eficácia de quase 100% na prevenção da transmissão do vírus, cujo uso foi recomendado pela OMS em 14 de julho por forma a reformular a resposta global ao vírus.
Falando à imprensa durante o encontro do Conselho Nacional de Combate à Sida, Mbofana referiu que o setor da saúde atingiu o em 2024 o recorde de 170 milhões de preservativos distribuídos em todo o país. Para este e próximos anos, o desafio é manter essa fasquia, numa altura em que o setor da saúde enfrenta cortes no financiamento externo.
“Teremos que encontrar formas de como [fazer], se atualmente no 'kit' tem um milhão [de preservativos], passar para dois milhões, de modo a assegurar que estes níveis que alcançamos até agora possam ser continuados (...), o desafio extremo é de fazer chegar esse preservativo onde as pessoas precisam”, referiu.
Dados partilhados pelo CNCS indicam que mais de dois milhões de moçambicanos estão em tratamento antirretroviral.
O país falhou a meta de alcançar 95% de pessoas diagnosticadas com VIH, assim como na expansão do tratamento antirretroviral e na supressão da carga viral, prevalecendo também o desafio de reverter a tendência.
“Distante daquilo que seria a meta de 95%, em relação às pessoas que sabem que estão em tratamento, estamos a 83%, e em relação às pessoas que estão em tratamento, que conseguiram a supressão viral, estamos a 76%”, disse o secretário.
Em 2024, o país registou 92 mil novas infeções pelo VIH, posicionando-se até aqui com a segunda maior taxa de contaminação na região de África.