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Governo reabre centro de saúde no norte de Moçambique vandalizado durante protestos

LUSA
12-07-2025 09:09h

As autoridades moçambicanas da província de Nampula, norte do país, reabriram o centro de saúde do posto administrativo de Namicopo, encerrado em janeiro após ser vandalizado durante protestos pós-eleitorais.

A unidade sanitária foi reaberta na sexta-feira após reabilitação que custou ao governo local pouco mais de quatro milhões de meticais (53 mil euros), incluindo a reposição de equipamentos hospitalares que também foram danificadas durante atos de vandalismo, afirmou o autarca de Nampula, Luís Giquira, em declarações à imprensa.

"Esses trabalhos todos são feitos em coordenação com o governo provincial", disse o presidente do município de Nampula, avançando que o posto de saúde, agora reaberto, já dispõe de salas reabilitadas, mobiliário novo e equipamentos médicos básicos para garantir um atendimento mais eficiente, seguro e humanizado.

"Reabrimos este posto com melhores condições, mais dignidade e maior capacidade de resposta às necessidades dos nossos munícipes. Os serviços de consultas gerais, vacinação, saúde materno infantil e aconselhamento estão novamente ao dispor da comunidade", disse Giquira.

O centro de saúde de Namicopo é uma unidade sanitária de referência que atende diariamente centenas de pacientes, incluindo populações de zonas circunvizinhas, contribuindo para a redução da pressão sobre outras unidades de saúde da cidade.

Em declarações à Lusa, o chefe do posto da unidade sanitária, Virgílio António, recordou momentos difíceis que os profissionais de saúde atravessaram para garantir assistência médica aos pacientes, com o encerramento da unidade sanitária.

"Fomos refugiados em outras unidades sanitárias. Depois da manifestação aqui não tinha nada. Não tinha porta, janelas, não havia condições de trabalho e a população local é que sofria porque não tinha unidade sanitária. Com essa reabertura estamos satisfeitos", afirmou.

O centro de saúde de Namicopo está instalado no bairro com o mesmo nome e conta com 72 profissionais de saúde.

Moçambique viveu quase cinco meses de tensão social, com manifestações, inicialmente em contestação aos resultados eleitorais de 09 de outubro, convocadas pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane - que não reconhece os resultados das eleições gerais de 09 de outubro –, saldando-se na morte de 400 pessoas e destruição de bens.

O Governo moçambicano confirmou pelo menos 80 mortos, além da destruição de 1.677 estabelecimentos comerciais, 177 escolas e 23 unidades sanitárias durante as manifestações.

Os partidos moçambicanos com assento parlamentar e nas assembleias municipais e provinciais assinaram em 05 de março um compromisso político com o Presidente de Moçambique, visando reformas estatais, o qual foi, posteriormente, transformado em lei pelo parlamento moçambicano.

Em 23 de março, Mondlane e Chapo encontraram-se pela primeira vez e foi também assumido um compromisso de acabar com a violência pós-eleitoral no país, tendo voltado a reunir-se em 21 de maio com uma agenda para pacificar o país.

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