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Angola anuncia contribuição de oito milhões de dólares para a OMS

LUSA
20-05-2025 16:39h

O Presidente angolano anunciou uma contribuição de oito milhões de dólares (7,4 milhões de euros) para a Organização Mundial da Saúde (OMS), no âmbito da ronda de investimentos promovida pela agência das Nações Unidas.

“Angola tem a honra de se juntar aos 14 países africanos que já prometeram contribuições para a ronda de investimentos da OMS e tem o prazer de anunciar aqui uma contribuição no valor de oito milhões de dólares americanos”, afirmou João Lourenço, que discursava segunda-feira na qualidade de presidente em exercício da União Africana, na 78.ª Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra.

Na intervenção, o chefe de Estado defendeu o reforço financeiro da OMS, sublinhando que a organização continua a ser um “parceiro essencial” para a maioria dos países africanos, com programas técnicos, sistemas de alerta precoce e operações no terreno que “não podem ser postas em causa por indefinições de natureza financeira e muito menos política”.

Criticou, por outro lado, o atual modelo de financiamento da OMS, apontando que apenas 18% do orçamento da instituição é assegurado por contribuições fixas e previsíveis.

“A África está unida em apoio à proposta do aumento das contribuições fixas, porque apostar na OMS não constitui um ato inútil, mas sim um investimento estratégico no futuro da Humanidade”, reforçou.

O Presidente angolano saudou ainda o consenso em torno do novo Acordo Pandémico da OMS e destacou os avanços registados em Angola no setor da saúde nos últimos oito anos, apontando a redução da mortalidade materna e infantil, a duplicação da rede de unidades sanitárias e o investimento na formação de profissionais.

O chefe do executivo angolano defendeu, por outro lado, a produção de medicamentos e vacinas em Africa, lembrando que a pandemia de covid-19 mostrou as consequências “catastróficas de depender de cadeias de suprimentos distantes”, anunciando o apoio de Angola ao Acelerador de Fabricação de Vacinas de África.

Exortou, por isso, os parceiros multilaterais, como o Banco Mundial, GAVI (Aliança de Vacinas) e o Fundo Global, a adaptarem os seus modelos para apoiar sistemas liderados por África, apelando à eliminação de barreiras artificiais que dificultam o financiamento direto a instituições como o CDC África.

O Presidente angolano alertou para a crise de saúde pública vivida no continente, com um aumento de 41% nas emergências entre 2022 e 2024 e uma quebra de mais de 70% na ajuda ao desenvolvimento.

“África suporta 25% da carga global de doenças, mas recebe apenas 1% dos gastos globais com saúde. A crise de saúde em África não é uma crise de capacidade ou conhecimento, é uma crise de exclusão. Exclusão do financiamento, da tomada de decisões, da tecnologia e da solidariedade global”, frisou.

Defendendo o uso de financiamento climático para apoiar a resiliência dos sistemas de saúde, no contexto de surtos crescentes de doenças como a cólera, agravados por cheias e secas, João Lourenço propôs também a criação de um Fundo Africano para Pandemias.

O Presidente angolano pediu ainda à comunidade internacional para que reforce o compromisso com a OMS, não apenas com recursos financeiros, mas também com responsabilidade moral e compromisso político.

“Que esta assembleia seja lembrada não pela sua retórica, mas pela sua determinação em salvar vidas”, concluiu.

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