A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Governo de Angola anunciaram hoje a intensificação de uma resposta nacional ao atual surto de cólera no país, anunciou a agência de saúde das Nações Unidas.
Num comunicado emitido no final de um encontro realizado hoje entre a ministra da Saúde de Angola, Sílvia Lutucuta, e o recém-nomeado representante da OMS em Angola, Indrajit Hazarika, a organização realça que "a reunião marcou o início de uma parceria renovada e reforçada entre o Governo de Angola e a OMS, com um enfoque central na intensificação da resposta nacional ao atual surto de cólera".
Segundo o documento, Hazarika transmitiu o empenho da OMS em apoiar o Governo de Angola através de intervenções abrangentes e estratégicas. Estas incluem o reforço da coordenação multissetorial, a melhoria da gestão de casos, o reforço da vigilância e da deteção de casos, bem como uma comunicação de risco robusta e o envolvimento da comunidade.
"Esta colaboração surge num momento crítico, uma vez que Angola atravessa um cenário complexo de saúde pública caracterizado por doenças endémicas, doenças transmissíveis e não-transmissíveis, doenças tropicais negligenciadas e um surto de cólera que já afetou 17 das 21 províncias do país", lamentou a OMS.
Segundo explicou a agência de saúde, o Ministério da Saúde, em estreita coordenação com a OMS e outros parceiros de desenvolvimento, adotou uma série de medidas de resposta urgente que incluíram "o envio de equipas de resposta rápida, a formação de pessoal de saúde, a criação de centros e unidades de tratamento da cólera, o fornecimento de água potável, o envolvimento intensivo da comunidade e o lançamento de campanhas de vacinação específicas".
A ministra da saúde manifestou grande preocupação com o aumento do número de casos e a trágica perda de vidas.
"Estamos profundamente tristes por vermos um aumento contínuo, tanto dos casos como das mortes, especialmente entre as crianças e os jovens", afirmou Sílvia Lutucuta.
A OMS recordou que Angola conseguiu conter, com sucesso, anteriores surtos de cólera e, através de uma liderança decisiva, coordenação multissetorial e parcerias estratégicas, o país "está bem posicionado para superar novamente este desafio".
"Os esforços combinados do Governo de Angola, da OMS, de outras agências da ONU, da sociedade civil e do setor privado serão cruciais para salvaguardar a saúde e o bem-estar de todos os angolanos", concluiu.
Angola registou 500 mortos e 13.818 casos de cólera devido ao surto que o país enfrenta desde janeiro deste ano, com 17 das 21 províncias afetadas, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados domingo.
A ministra da Saúde recebeu também hoje uma delegação do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (CDC/África), destacando o papel desta estrutura na estratégia de combate à cólera no país, nomeadamente na mobilizção de equipas técnicas e no acesso a vacinas.
Durante o encontro, a delegação do CDC/África entregou produtos médicos e meios de biossegurança ao Ministério da Saúde, tendo o seu Director-Geral, Jean Kaseya, manifestado preocupação com a situação da cólera em Angola e garantido o reforço do apoio técnico e logístico com vista à erradicação da doença no país, refere-se num comunicado.
Segundo Kaseya, embora Angola registe actualmente cerca de 14 mil casos, apresenta os números mais baixos da África Austral no mesmo período.