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Médio Oriente: Lutamos pela nossa existência - Netanyahu

LUSA
15-04-2025 20:41h

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, defendeu hoje que Israel está a lutar pela sua existência, ao falar às tropas israelitas no norte da Faixa de Gaza.

Na sua primeira visita ao território palestiniano desde que recomeçou as hostilidades, a 18 de março, após romper o cessar-fogo com o movimento islamita palestiniano Hamas, Netanyahu encontrou-se com o ministro da Defesa, Israel Katz, e com comandantes e reservistas do Exército israelita no norte de Gaza, indicou o seu gabinete num comunicado.

"Durante as negociações com os norte-americanos, o ditador iraniano [Ali] Khamenei emitiu um comunicado explicando por que razão Israel deve ser destruído. Lutamos pela nossa existência", disse Netanyahu às tropas, segundo o comunicado.

Por sua vez, Katz insistiu que a escalada militar "pressiona o Hamas para que, primeiro, liberte os reféns".

"Quanto mais persistir na sua recusa, mais intensificaremos os ataques até que seja derrotado e todos os reféns sejam devolvidos", acrescentou.

Nas semanas desde que a ofensiva israelita foi retomada, a 18 de março, após quase dois meses de cessar-fogo, foram mortas na Faixa de Gaza mais de 1.600 pessoas pelos ataques israelitas, cerca de um terço das quais menores, segundo os mais recentes dados do Ministério da Saúde local, que a ONU considera fidedignos.

Uma das últimas visitas que Netanyahu tinha feito ao enclave palestiniano foi em novembro do ano passado, quando se deslocou ao corredor de Netzarim, uma zona militarizada que atravessa a Faixa de Gaza de leste a oeste.

Desde o recomeçou da guerra em Gaza, o Exército israelita ocupou território ao longo das suas fronteiras, incluindo no norte e no sul, e controla agora quase 70% da totalidade do território, cuja população está sujeita a deslocações forçadas ou amontoada em zonas de exclusão cada vez mais exíguas, segundo a última estimativa do OCHA (Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários).

Na zona sul, ao longo da fronteira com o Egito, Israel criou um novo corredor e quase desocupou a cidade de Rafah, ali controlando assim uma área que representa cerca de 20% de todo o território de Gaza.

Israel declarou a 07 de outubro de 2023 uma guerra na Faixa de Gaza para "erradicar" o Hamas, horas depois de este ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, matando cerca de 1.200 pessoas, na maioria civis, e sequestrando 251.

A guerra naquele território palestiniano fez, até agora, mais de 51.000 mortos, na maioria civis, incluindo mais de 18.000 crianças, e mais de 111.000 feridos, além de cerca de 11.000 desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças, infeções e fome, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

A situação da população daquele enclave devastado pelos bombardeamentos e ofensivas terrestres israelitas está ainda a agravar-se pelo facto de desde 02 de março Israel impedir a entrada em Gaza de alimentos, água, ajuda humanitária e medicamentos.

Há muito que a ONU declarou a Faixa de Gaza mergulhada numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica", a fazer "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

E, no final de 2024, uma comissão especial da ONU acusou Israel de genocídio naquele território palestiniano e de estar a utilizar a fome como arma de guerra - acusação logo refutada pelo Governo israelita, mas sem apresentar quaisquer argumentos.

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