O presidente da Associação Internacional dos Institutos Nacionais de Saúde Pública, Duncan Selbie, defendeu hoje, em Maputo, que nunca o mundo precisou destes organismos como atualmente, face às “incertezas” e ao “medo”.
“Não somos universidades ou grupos de reflexão (…). Nós temos uma importância única, na medida em que somos a única rede das agências governamentais, os líderes das agências governamentais do mundo inteiro”, sublinhou na abertura da reunião internacional da Associação Internacional dos Institutos Nacionais de Saúde Pública (IANPHI, na sigla em inglês), que decorre durante dois dias na capital moçambicana.
“E se alguma vez houve uma altura em que precisámos uns dos outros e de estar presentes uns para os outros, essa altura é agora. Não se trata apenas de um ambiente pós-pandémico, mas de um mundo em mudança e com muitas incertezas. Há medo, há um grande sentimento de perda relativamente às reduções de recursos e ao financiamento, não só nos Estados Unidos da América, mas em todo o mundo”, acrescentou.
Duncan Selbie recordou que esta rede internacional, que conta com 128 membros - institutos de saúde pública de 107 países -, existe para “partilhar experiências e conhecimentos” entre si: “Para sermos práticos, estarmos presentes no mundo e para nos apoiarmos uns aos outros”.
“Mas estes são momentos em que olhamos para tudo e o que é que podemos fazer? Há tanto que podemos fazer”, apontou, reforçando a importância dos trabalhos destes dois dias, onde será produzida a “Declaração de Maputo”, com a participação de cerca de 200 representantes – metade virtualmente – de 60 países.
“É a nossa oportunidade de refletir sobre o que está a acontecer em cada uma das jurisdições, mas também onde podemos ser reforçados. Onde podemos ser mais fortes juntos, onde podemos beneficiar e apoiar-nos mutuamente”, sublinhou.
“Independentemente” do tipo de organização destes institutos em cada país, Duncan Selbie referiu que “o que importa é a forma” de mobilização “para as funções essenciais de saúde pública”.
“Que são importantes para a saúde e o bem-estar, e para os melhores resultados possíveis em termos de saúde para as pessoas em todo o mundo. Não pode haver uma boa saúde sem uma boa saúde mental, não podemos proteger a saúde da nossa população se não nos preocuparmos com a saúde geral. E, portanto, como entidades de saúde pública, temos mandatos para nos preocuparmos com a proteção e a melhoria da saúde do nosso povo em todas estas diferentes dimensões”, concluiu.
Nesta reunião anual mundial dos institutos nacionais de saúde pública vão ser apresentadas e discutidas durante dois dias evidências sobre doenças com potencial para causar futuras pandemias ou emergências de âmbito global.
No rol das prováveis futuras pandemias ou emergências de saúde pública destacam-se o recrudescimento da gripe causada pelo vírus H5N1 pelo mundo, "num contexto em que a humanidade possui imunidade baixa ao vírus", referiu anteriormente o Instituto Nacional de Saúde de Moçambique, que organiza o encontro.
Outra preocupação destes institutos é o alastramento de vírus emergentes, como dengue e chikunguunya, em todos os continentes, o aumento a nível mundial de casos de mpox, o aumento da frequência de surtos de febres hemorrágica em África, nomeadamente, ébola, marburgo, hantavírus, entre outros, e o rápido alastramento de bactérias altamente resistentes aos antimicrobianos que reduzem as opções de tratamento medicamentoso das infeções.
A Associação Internacional dos Institutos Nacionais de Saúde Pública, com sede na Alemanha, foi criada em 2006 como uma plataforma de colaboração entre os institutos nacionais de saúde de todo o mundo.