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Institutos mundiais de Saúde debatem em Moçambique futuras ameaças à saúde pública

LUSA
02-04-2025 19:06h

Mais de 100 representantes de Institutos Nacionais de Saúde de cerca de 60 países reúnem-se, em 09 e 10 de abril, na capital moçambicana, para discutir futuras ameaças e emergências mundiais de saúde pública, anunciou hoje fonte oficial.

O diretor-geral do Instituto Nacional de Saúde de Moçambique (INS), Eduardo Samo Gudo, afirmou que o encontro tem por objetivo "identificar estratégias tecnológicas e científicas para o enfrentamento das principais ameaças globais de saúde e reforçar as redes de colaboração global em saúde pública para assegurar que o mundo esteja melhor preparado para lidar com futuras emergências globais de saúde”.

Em conferência de imprensa, em Maputo, o responsável explicou que se trata de uma reunião anual da Associação Internacional dos Institutos Nacionais de Saúde Pública (IANPHI, na sigla em inglês) em que se vai apresentar e discutir evidências sobre doenças com potencial para causar futuras pandemias ou emergências de âmbito global.

No rol das prováveis futuras pandemias ou emergências de saúde pública destacam-se o recrudescimento da gripe causada pelo vírus H5N1 pelo mundo, "num contexto em que a humanidade possui imunidade baixa ao vírus", disse.

“A última vez que tivemos uma pandemia pelo vírus de H5N1 foi em 2005, portanto, não temos imunidade para este vírus e temos registado nos últimos tempos aumento da frequência, de casos de H5N1, isto representa uma ameaça para uma futura pandemia”, alertou o diretor-geral do INS de Moçambique.

Outra preocupação dos institutos mundiais de saúde é o alastramento de vírus emergentes, como dengue e chikunguunya, em todos os continentes, o aumento a nível mundial de casos de mpox, o aumento da frequência de surtos de febres hemorrágica em África, nomeadamente, ébola, Marburgo, hantavírus, entre outros, e o rápido alastramento de bactérias altamente resistentes aos antimicrobianos que reduzem as opções de tratamento medicamentoso das infeções, acrescentou.

O diretor-geral do INS salientou que a reunião se realiza numa altura em que o “mundo atravessa ameaças de saúde pública”, apontando para o surgimento de novas ameaças virais emergentes, a re-emergencia de doenças previamente controladas em várias partes do planeta, que voltaram a emergir como problemas de saúde pública.

Eduardo Samo Gudo transmitiu também a mensagem de preocupação dos Institutos de Saúde mundiais face ao aumento da frequência e gravidade de surtos, epidemias e pandemias a nível global, a transição epidemiológica e aumento das incertezas futura sobre saúde pública.

Segundo anunciou em conferência de imprensa, faz parte da agenda definir ações para assegurar partilha de tecnologias e conhecimentos científicos entre os países, em caso de emergência global.

Pretende-se também reforçar a colaboração entre os Institutos de Saúde para melhor prever e antecipar ameaças de saúde pública e garantir que os institutos estejam preparados para novas ameaças de saúde pública.

Estão igualmente agendadas discussões sobre fatores associados ao agravamento das doenças referenciadas, destacando-se a rápida urbanização e invasão de nichos silvestres onde habitam vírus letais aos humanos, as mudanças climáticas e aquecimento global, incluindo conflitos armados e a redução do financiamento global para saúde, disse Samo Gudo.

A IANPHI é a Associação Internacional dos Institutos Nacionais de Saúde Pública com sede na Alemanha. A instituição foi criada em 2006 como uma plataforma de colaboração entre os Institutos Nacionais de Saúde de todo o mundo.

Atualmente, a IANPHI congrega mais de 120 Institutos Nacionais de Saúde Pública de todo o mundo, conforme avançou o INS de Moçambique, que é membro da associação.

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