O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) alertou hoje para a “ameaça de fome” na Faixa de Gaza devido à decisão de Israel de suspender a entrada de ajuda humanitária no enclave palestiniano há mais de uma semana.
Segundo o Hamas, a suspensão da ajuda humanitária é uma “violação do cessar-fogo” em vigor desde 19 de janeiro.
“O encerramento contínuo dos postos fronteiriços e o bloqueio à entrada de ajuda pelo décimo dia consecutivo representam uma ameaça de fome na Faixa de Gaza”, declarou o Hamas, que também acusou Israel de "aumentar o sofrimento de mais de dois milhões de palestinianos".
O movimento sublinhou que o encerramento dos postos fronteiriços “constitui uma violação do acordo de cessar-fogo, que prevê a entrada sem restrições da ajuda” e acrescentou que os obstáculos à entrada de maquinaria pesada dificultam os trabalhos de recuperação dos corpos e de reconstrução.
“Apelamos aos mediadores – Qatar, Egito e Estados Unidos – para que pressionem a ocupação [israelita] a cumprir os seus compromissos, a abrir os postos fronteiriços e a pôr fim à sua política de punição coletiva contra o nosso povo”, denunciou o Hamas, citado pelo diário palestiniano Filastin.
Nesse sentido, denunciou “a utilização da ajuda como chantagem política”.
“Estas políticas agressivas não vão quebrar a vontade do nosso povo”, assegurou o Hamas, no meio de críticas internacionais a Israel por bloquear a ajuda e cortar o fornecimento de eletricidade à Faixa de Gaza.
O governo israelita impôs estas medidas perante a recusa do Hamas em aceitar a sua exigência de prolongar a primeira fase do cessar-fogo, algo que não estava inicialmente previsto, no quadro dos esforços dos mediadores para ultrapassar as exigências de Israel e passar à segunda fase do pacto.
Desde 02 deste mês, os camiões que transportam alimentos, medicamentos e combustível deixaram de entrar no enclave palestiniano por ordem do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, depois de o Hamas ter recusado prolongar a primeira fase do acordo de cessar-fogo, que terminou no dia anterior.
Para o grupo palestiniano, a ideia de prolongar a primeira fase com o objetivo de manter apenas a troca de reféns por prisioneiros palestinianos, é uma estratégia de Israel para não abordar o fim da guerra com a retirada das suas tropas, como previsto na segunda fase do acordo assinado pelas duas partes em Doha, em janeiro.
O texto original do acordo inclui o compromisso de Israel de abrir as passagens e permitir que cerca de 600 camiões de ajuda - 60 deles com combustível – entrem diariamente em Gaza.
“O encerramento das passagens constitui uma violação do acordo de cessar-fogo, que estipula a facilitação da entrada sem restrições de ajuda e uma violação flagrante do direito internacional humanitário e das convenções de Genebra, sendo considerado um crime de guerra e um castigo coletivo que ameaça a vida de civis inocentes”, insistiu o Hamas.