O Programa Alimentar Mundial (PAM) avisou hoje que só dispõe de alimentos suficientes na Faixa de Gaza para manter as cozinhas públicas e as padarias abertas durante menos de duas semanas.
O alerta do PAM surge depois de Israel ter impedido, no fim de semana, a entrada de alimentos, combustível, medicamentos e outros abastecimentos na Faixa de Gaza, com o objetivo de pressionar o Hamas a aceitar um acordo de cessar-fogo alternativo, seis semanas após o início da frágil trégua.
Israel permitira um aumento da ajuda humanitária durante as primeiras seis semanas do cessar-fogo, mas o PAM explicou hoje que os seus ‘stocks’ estão baixos porque deu prioridade à distribuição de alimentos à população.
A agência das Nações Unidas avisou também que as suas reservas de combustível só durariam algumas semanas.
O corte de alimentos, combustível, medicamentos e outros fornecimentos por parte de Israel aos dois milhões de habitantes de Gaza fez disparar os preços e levou os grupos humanitários a esforçarem-se por distribuir as reservas cada vez mais escassas aos mais vulneráveis.
O congelamento da ajuda pôs em perigo os progressos que os trabalhadores humanitários dizem ter feito para evitar a fome nas últimas seis semanas, durante a Fase 1 do acordo de cessar-fogo que Israel e o Hamas acordaram em janeiro.
Depois de mais de 16 meses de guerra, a população de Gaza está totalmente dependente de alimentos e de outros tipos de ajuda transportados por camião.
A maioria está deslocada das suas casas e muitos precisam de abrigo.
O combustível é sobretudo necessário para manter em funcionamento os hospitais, as bombas de água, as padarias e as telecomunicações, bem como os próprios camiões que transportam a ajuda.
Israel afirma que o cerco tem por objetivo pressionar o Hamas a aceitar a sua proposta de cessar-fogo.
Telavive adiou a passagem à segunda fase do acordo alcançado com o Hamas, durante a qual o fluxo de ajuda deveria continuar.
Terça-feira, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse que está preparado para aumentar a pressão e não exclui a possibilidade de cortar toda a eletricidade de Gaza se o Hamas não ceder.
Os grupos de defesa dos direitos humanos apelidaram o corte de eletricidade de “política de fome”.