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Peritos da ONU assinam declaração que denuncia ataque dos EUA aos direitos humanos

LUSA
28-02-2025 00:02h

Vários relatores e especialistas em direitos humanos das Nações Unidas emitiram quinta-feira uma declaração conjunta denunciando as numerosas ações tomadas pela nova administração do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que “minam as liberdades fundamentais”.

“Estamos preocupados com as tentativas da administração norte-americana de enfraquecer as proteções nacionais dos direitos humanos, os sistemas humanitários e de liberdades fundamentais, reverter décadas de progresso na igualdade de género ou prejudicar as instituições internacionais e a sociedade civil global”, afirmaram os 60 relatores e especialistas.

Os peritos citaram, por exemplo, as ameaças dos EUA de retomar o controlo do Canal do Panamá, de controlar Gaza ou a Gronelândia ou de lançar “esquemas de extorsão” contra a Ucrânia, ações que “são flagrantemente ilegais à luz do direito internacional”.

Os signatários mostraram-se também preocupados com as “decisões abruptas” dos EUA de se retirarem do Acordo de Paris e de instituições internacionais como a Organização Mundial de Saúde (OMS) ou o Conselho dos Direitos Humanos.

Por outro lado, “emitir sanções contra o Tribunal Penal Internacional e ameaçar qualquer pessoa que coopere com ele é uma tentativa direta de minar o direito internacional, os direitos humanos e a justiça global”.

Outra medida que suscitou críticas, o corte na ajuda humanitária internacional decretado por Washington, “já teve graves impactos no planeta, afetando a vida, o bem-estar, o emprego e os direitos humanos de centenas de milhões de pessoas”, lamentaram.

As críticas dos relatores e especialistas estendem-se à política interna da administração Trump, que denunciaram ter despedido juristas independentes, o facto de o governo não ter cumprido ordens judiciais ou ter suspendido programas ambientais, de igualdade, inclusão e diversidade.

No país assiste-se a “um retrocesso dos direitos das mulheres e jovens mulheres, demonização das pessoas transgénero, perseguição e deportação forçada de migrantes, ameaças a jornalistas e estudantes”, denunciaram no comunicado conjunto.

Os signatários também manifestaram a sua preocupação com “o papel controverso dos líderes empresariais na nova administração dos EUA, que estão a influenciar sem qualquer mecanismo de contrapeso para evitar conflitos de interesses”.

Esta situação, segundo os signatários, “abre a porta para que o governo dos EUA seja capturado pelas empresas e enfraquece ainda mais a responsabilidade das empresas e de outras entidades privadas no que respeita aos direitos humanos e ao ambiente”.

“Exortamos a Administração dos EUA a reconsiderar as suas políticas, especialmente à luz da sua própria história de luta pelas liberdades e das suas valiosas contribuições para a Carta das Nações Unidas, a Declaração Universal dos Direitos do Homem e o atual sistema multilateral”, concluem.

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