O Museu de Arte Contemporânea Armando Martins (MACAM), que abre em março em Lisboa, estreia este ano, na feira de arte contemporânea ARCOmadrid, um prémio com o qual selecionará uma obra para comprar e incluir na sua coleção permanente.
"O I Prémio de Aquisição MACAM selecionará uma obra na ARCOmadrid 2025 para a incorporar à sua coleção permanente", anunciou hoje a organização da feira de Madrid, a maior da Península Ibérica e um das mais visitadas do mundo (mais de 95 mil pessoas em 2023).
No dossiê de imprensa que divulgou hoje, a ARCOmadrid lembra que o MACAM "será o primeiro museu hotel de cinco estrelas da Europa", instalado no Palácio Condes da Ribeira Grande, na Rua da Junqueira, em Lisboa "onde será exibida a coleção de Armando Martins, com mais de 600 obras".
A ARCOmadrid 2025 decorre de 5 a 9 de março e o prémio MACAM será revelado no dia da abertura.
O Museu de Arte Contemporânea Armando Martins reunirá centenas de obras do colecionador e empresário com o mesmo nome e tem abertura prevista para 22 de março.
Inicialmente com inauguração prevista para 2021, a abertura foi adiada para o primeiro semestre deste ano, um atraso justificado com constrangimentos ditados pela pandemia da covid-19 e agravados pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia, assim como a complexidade do projeto de reabilitação e adaptação do edifício histórico onde ficará o museu, que remonta ao início do século XVIII.
O MACAM terá um total de 13.000 metros quadrados, com cerca de 2.000 metros quadrados de espaço expositivo, num projeto liderado pelo estúdio português de arquitetura MetroUrbe que reabilitou o palácio para as suas novas funções.
Para o espaço do MACAM foram convidados três artistas a desenvolver obras 'site-specific': o espanhol Carlos Aires, o português José Pedro Croft e a canadiana Angela Bulloch.
A historiadora de arte e curadora Adelaide Ginga assumirá a direção do museu.
A coleção pessoal de arte de Armando Martins reúne obras desde o final do século XIX até à atualidade, integrando nomes como Paula Rego, Maria Helena Vieira da Silva, José Malhoa, Amadeo Souza-Cardoso, Almada Negreiros, Eduardo Viana, Pedro Cabrita Reis, Julião Sarmento, Rui Chafes, José Pedro Croft, Lourdes Castro, entre outros.
Quanto a artistas estrangeiros, estão representados na coleção, entre outros nomes, Gilberto Zorio, John Baldessari, Albert Oehlen, Olafur Eliasson, Marina Abramovic, Antoni Tàpies, Antonio Ballester Moreno, Juan Muñoz, Santiago Sierra, Carlos Aires, Pedro Reyes, Carlos Garaicoa, Ernesto Neto, Marepe, Rosângela Rennó, Vik Muniz e Isa Genzken.
Algumas das obras da coleção já foram cedidas para exposição em espaços como o Museu Nacional de Soares dos Reis e o Museu de Serralves, no Porto, o Museu Calouste Gulbenkian, o Museu de Arte Arquitetura e Tecnologia, o Museu Nacional de Arte Contemporânea e o antigo Museu Coleção Berardo, em Lisboa, e o Museu Rainha Sofia, em Madrid.
A coleção de Armando Martins foi distinguida, em 2018, com um prémio da área do colecionismo, pela Fundação ARCO de Madrid, em Espanha.
A edição de 2025 da Feira de Arte Contemporânea ARCOmadrid conta com 214 galerias de todo o mundo, incluindo 15 portuguesas.
Esta é a 44.ª edição da ARCOmadrid e no programa geral haverá 14 galerias portuguesas: 3+1 Arte Contemporânea, Balcony, Bruno Múrias, Cristina Guerra Contemporary Art, Foco, Francisco Fino, Jahn und Jahn, Madragoa, Miguel Nabinho, Monitor, Pedro Cera e Vera Cortês, todas de Lisboa, e ainda a Kubikgallery e a Lehmann, do Porto.
A galeria NO-NO, de Lisboa, estará, pelo segundo ano consecutivo, na secção “Opening”, dedicada a novas galerias.
Além da secção "Opening", a 44.ª ARCOmadrid terá mais duas secções comissariadas: "Wametisé: ideias para um amazofuturismo" e "Perfis / Arte Latino-americana".
A secção "Wametisé: ideias para um amazofuturismo" dá corpo ao "projeto central de 2025" da ARCOmadrid, o Amazonas, segundo um comunicado da organização da feira.
Esta secção tem como comissários Denilson Baniwa e María Wills em colaboração com o Instituto de Estudos Pós-Naturais, uma organização fundada em 2020 que tem sede em Madrid e se define como "um centro de experimentação artística a partir de onde se explora e problematiza a pós-natureza como enquadramento para a criação contemporânea".
Esta secção pretende refletir "sobre novos modos de criação que representam existências híbridas entre corpos humanos, vegetais, físicos e metafísicos".
Haverá 24 artistas representados nesta secção, entre eles, os brasileiros Frederico Filippi (galeria Athena, do Rio de Janeiro); Uyra Sodoma (Aura Galeria, São Paulo); Naine Terena e Coletivo Mahku (Carmo Johnsons Projects, São Paulo); Anna Bella Geiger (Danielian, São Paulo e Rio de Janeiro); Dhiani Pa'saro, Duhigó e Paulo Desana (Manaus Amazónia, Manaus); Gustavo Caboco e Daiara Tukano (Millan, São Paulo); e Claudia Andujar (Vermelho, São Paulo).
Quanto à secção "Perfis / Arte Latino-americana", pretende "continuar a reforçar o vínculo histórico" entre a ARCOmadrid e a arte da América Latina e tem como comissário José Esparza Chong Cuy.
Nesta secção estão representadas 10 galerias, três delas brasileiras: A Gentil Caricoca, Cerrado Galeria e Martins&Montero.