As vidas de mais de 2.000 presos políticos na Rússia estão “seriamente ameaçadas” e pelo menos 120 deles estão em perigo iminente, nomeadamente devido ao estado de saúde, disse hoje uma relatora da Organização das Nações Unidas (ONU).
“O triste aniversário da morte de Alexei Navalny é um duro lembrete de que a Rússia tem mais de 2.000 presos políticos, muitos dos quais enfrentam condições de vida ameaçadoras”, afirmou a relatora especial para a situação dos direitos humanos na Rússia, Mariana Katzarova, em comunicado.
“Estes detidos devem ser libertados antes que outro preso político perca a vida nas prisões russas, como Navalny há um ano”, acrescentou a especialista, que estabeleceu uma “lista prioritária” de pelo menos 120 presos políticos em “perigo iminente devido ao seu estado crítico de saúde, à sua idade ou deficiência, e que devem ser libertados imediatamente”.
Navalny, um ativista anticorrupção e inimigo político de Vladimir Putin, foi declarado “extremista” pela justiça russa. Assim, mencionar o opositor ou a sua organização, o Fundo Anticorrupção (FBK), em público, sem especificar que foram declarados “extremistas”, expõe os infratores a pesadas sanções.
Esta ameaça permanece em vigor apesar da sua morte em circunstâncias obscuras numa prisão no Ártico, a 16 de fevereiro de 2024, e apesar do exílio da Rússia de quase todos os seus colaboradores.
Segundo a relatora especial, entre os 120 presos políticos da “lista de prioridades” está Alexei Gorinov, que se encontra “em estado crítico de saúde”, condenado à prisão em 2022 por ter denunciado o ataque à Ucrânia.
A relatora, que é mandatada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, mas não fala em nome da organização, também incluiu o defensor dos direitos humanos Igor Baryshnikov e o advogado Bakhrom Khamroyev, “detidos pelas suas posições anti-guerra”.
Pelo menos 76 presos políticos são idosos, incluindo Yuri Dmitriev, 69 anos, historiador e figura do Memorial, organização que guarda a memória das vítimas dos gulags que se tornou alvo de repressão no governo de Vladimir Putin.