O Bloco de Esquerda quer ouvir com urgência na Assembleia da República o ex-conselho de administração do hospital Amadora-Sintra, que se demitiu um dia depois de ter assegurado que se mantinha em funções.
Num requerimento dirigido à comissão parlamentar de Saúde, a bancada bloquista refere que nos últimos dias têm sido divulgadas várias notícias sobre este hospital, que dão conta de tempos de espera nas urgências “que chegaram às 30 horas”, da demissão do diretor da urgência, “demissão de cirurgiões, denúncias de perda de capacidade cirúrgica e possibilidade de perda de capacidade formativa nesta área”.
O BE recorda que, na quarta-feira, a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, convocou para uma reunião o Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) Amadora-Sintra e que, após esse encontro, o presidente daquela unidade assegurou que a administração iria permanecer em funções.
Contudo, cerca de 24 horas depois, durante um debate no parlamento convocado pelo BE e com a presença de Ana Paula Martins, os membros deste conselho apresentaram a sua demissão à governante e ao diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde.
No comunicado, estes profissionais referiram que a renúncia aos cargos “permitirá à tutela implementar as medidas e políticas que considere necessárias”, não sendo o Conselho de Administração “um obstáculo”.
“Parece evidente o choque entre Conselho de Administração e Ministério e entre estratégias a implementar, situação que urge esclarecer e fiscalizar”, sustentam os bloquistas no requerimento.
O BE argumenta que “são por demais casos anteriores que acabaram com a demissão de administrações, mas onde a responsabilidade por encerramentos e não prestação de serviços coube totalmente à ministra”.
“São disso exemplos, o encerramento da urgência pediátrica em Viseu, hipótese para a qual a ministra tinha sido alertada sem que tenha tomado qualquer atitude, ou ainda o colapso do INEM, para o qual a ministra também tinha sido alertada sem que, mais uma vez, tivesse tomado qualquer medida para o evitar”, acusa a bancada do BE.
Os bloquistas querem saber se este é mais um caso no qual “a tutela nada fez e depois delegou as suas culpas e responsabilidades”, “que alertas foram feitos pela administração do Amadora-Sintra e que medidas foram tomadas pelo Governo”.
O BE quer ainda esclarecer o que é que o conselho demissionário quis dizer quando escreveu, no comunicado, “que sempre se pautou pela legalidade e que se demite para não ser obstáculo à tutela”.