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São João adquire equipamentos laser e passa a tratar toda a patologia oftálmica

Lusa
31-01-2025 15:07h

O serviço de oftalmologia da Unidade Local de Saúde de São João (ULSSJ), no Porto, vai passar a fazer cirurgias de correção com laser, passando a tratar todo o tipo de patologia oftálmica, disse hoje o diretor.

Em declarações à agência Lusa, Amândio Sousa contou que foram adquiridos dois novos equipamentos laser, um excimer e um femtosegundo, que permitem aumentar a qualidade da resposta dada pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) aos utentes com patologia oftálmica grave.

“São dois equipamentos novos para dois tipos de cirurgias diferentes, embora o femtosegundo complemente o excimer. Isto alarga muito o leque de resposta. Nesta fase, o nosso hospital consegue tratar todo o tipo de patologia oftálmica, o que não conseguia. Antes, alguns doentes eram referenciados para outro hospital”, descreveu.

A compra destes dois equipamentos custou à ULSSJ 1,2 milhões de euros.

O serviço espera beneficiar cerca de 20 utentes por semana e 1.000 por ano.

“Algumas cirurgias que fazíamos com métodos menos precisos, como a de patologias em que se colocam anéis dentro da córnea, em que é preciso fazer um túnel na estrutura da córnea, faziam-se mecanicamente, o que era menos preciso. Agora, faz-se com laser que é muito mais preciso, portanto os resultados são melhores”, disse o médico.

Sobre o femtosegundo, Amândio Sousa contou que é um equipamento portátil e multimodal avançado que permite trabalhar várias áreas.

“Trata-se do primeiro laser multifunções portátil a ser adquirido no SNS. É uma tecnologia usada – em complemento com o laser excimer – nas áreas de cirurgia refrativa [corrigir miopia, hipermetropia e astigmatismo], na cirurgia de catarata, na cirurgia de córnea e no transplante de córnea”, referiu.

O uso deste laser substitui técnicas cirúrgicas que necessitam de utensílios como lâminas.

Considera-se que a separação dos tecidos com laser permite maior precisão e segurança nas etapas cirúrgicas.

“A otimização diminui as curvas de aprendizagem. O processo mecânico tinha uma curva de aprendizagem lenta, com resultados diferentes conforme o cirurgião. O laser, mesmo para cirurgiões menos experientes, é melhor”, disse Amândio Sousa.

Ainda sobre a precisão dos equipamentos, o médico destacou que, na cirurgia refrativa de córnea, o laser excimer garante “grande fiabilidade de tratamento” graças à frequência de disparos que possui.

“Por outro lado, melhoramos significativamente a qualidade da cirurgia de córnea, nomeadamente no tratamento de doentes com patologia grave e na cirurgia de transplantação de córnea. Estas passam a ser muitas vezes assistidas por laser femtosegundo”, explicou Amândio Sousa.

À Lusa, o também professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) destacou que “os médicos tinham de ir ao exterior muitas vezes fazer formação nesta área específica”, nomeadamente a Espanha e Inglaterra, algo que agora já não é necessário.

“Esta é uma mais-valia muito grande para o serviço, para os doentes e para os médicos que estão em formação”, frisou.

A aquisição destes equipamentos era uma ambição antiga do serviço de oftalmologia da ULSSJ, que também verá a sua infraestrutura melhorada.

Atualmente, o serviço tem um bloco de cirurgia próprio, com três salas e uma “emprestada” que acolheu o equipamento laser, e sofrerá obras de beneficiação no valor estimado de meio milhão de euros.

A empreitada, prevista para este ano, fará com que o São João passe a ter cinco salas autónomas só de oftalmologia.

O serviço de oftalmologia do São João realiza cerca de 150 cirurgias de transplantação de córnea por ano.

 

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