A União Africana (UA) manifestou-se hoje “consternada” com a decisão do Presidente norte-americano, Donald Trump, de retirar os Estados Unidos da Organização Mundial de Saúde (OMS), esperando que “reconsidere a sua decisão”.
O presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, “ficou consternado ao tomar conhecimento do anúncio do Governo dos Estados Unidos de se retirar da OMS”, lê-se no comunicado.
“Hoje, mais do que nunca, o mundo depende da OMS para cumprir o seu mandato de garantir a segurança da saúde pública mundial como um bem comum partilhado”, afirmou ainda Moussa Faki Mahamat, esperando que “o Governo dos Estados Unidos reconsidere a sua decisão de se retirar desta importante organização mundial, de que é membro fundador”.
Esta decisão é motivo de preocupação no continente, que enfrenta atualmente uma série de epidemias, como o Mpox e o vírus de Marburgo.
“Em África, os Estados Unidos foram um dos primeiros e mais fortes apoiantes da criação do CDC África, a agência técnica da União Africana para as emergências de saúde pública, que trabalha com a OMS e com os membros mundiais da OMS para detetar, preparar, responder e recuperar de pandemias”, alertou a UA.
O decreto assinado pelo Presidente norte-americano, que justifica com a diferença de contribuições financeiras entre os Estados Unidos e a China, provocou reações em todo o mundo, com a União Europeia a declarar-se “preocupada” e a China a afirmar que “o papel da OMS deve ser reforçado, não enfraquecido”.
Os Estados Unidos, que já tinham tomado medidas para deixar a OMS durante o primeiro mandato de Trump, em 2020, são o principal doador e parceiro desta organização da ONU com sede em Genebra.
Ao retirarem-se da organização, os Estados Unidos perderão o acesso privilegiado a importantes dados de vigilância epidémica, alertaram vários especialistas, o que poderá comprometer a sua capacidade de controlar e prevenir as ameaças sanitárias provenientes do estrangeiro.
Esta retirada surge numa altura em que o elevado nível de circulação do vírus da gripe aviária nos Estados Unidos faz aumentar os receios de uma pandemia iminente. No início de janeiro, o país registou a sua primeira morte humana ligada ao vírus H5N1.