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Mangione aceita ser transferido para Nova Iorque para enfrentar acusações de homicídio

Lusa
19-12-2024 17:23h

Luigi Mangione, o homem acusado de matar o diretor-executivo da seguradora UnitedHealthCare, aceitou hoje, num tribunal da Pensilvânia (Estados Unidos), ser transferido para Nova Iorque, para responder pelo assassínio de Brian Thompson, há mais de duas semanas.

Segundo a comunicação social norte-americana presente na audiência, Mangione aceitou a transferência (“extradição”, por se tratar de dois Estados norte-americanos diferentes) após ter sido interrogado pelo juiz do condado de Blair, na Pensilvânia.

Em Nova Iorque, Mangione enfrentará um total de 11 acusações, entre as quais uma de homicídio em primeiro grau, que poderá ser classificada como “ato terrorista” e valer-lhe uma pena máxima de prisão perpétua sem liberdade condicional, caso seja condenado.

“Estamos confiantes no nosso trabalho e na sua defesa. Não posso falar mais sobre o processo judicial que está a decorrer entre os advogados e o cliente”, declarou hoje o seu advogado da Pensilvânia, Thomas Dickey, à porta do tribunal, onde Mangione também participou numa audiência sobre as acusações que enfrenta neste Estado.

Vários simpatizantes de Mangione reuniram-se hoje à porta do tribunal para lhe manifestar o seu apoio, com cartazes em que se lia “As práticas das seguradoras aterrorizam as pessoas” e “Matar por fins lucrativos é terrorismo, libertem Luigi".

Luigi Mangione, um brilhante engenheiro de 26 anos, pertencente a uma família rica e influente de Baltimore, foi na terça-feira indiciado por um grande júri de Nova Iorque por homicídio em primeiro grau, uma acusação geralmente reservada a quem assassina agentes da polícia ou a assassinos em série.

A acusação do Ministério Público no Supremo Tribunal de Nova Iorque indica que Mangione matou Thompson para “promover um ato de terrorismo” que “se destinava a intimidar ou coagir uma população civil, a influenciar as políticas de um departamento governamental através de intimidação ou coação e a afetar a vida humana”.

O procurador distrital de Manhattan, Alvin Bragg, afirmou na terça-feira que Mangione esperou por Thompson à porta do hotel onde a sua empresa estava a realizar uma conferência e disparou sobre ele pelas costas, num crime cujo objetivo era “causar terror”.

Este assassinato, que descreveu como “sem escrúpulos”, “premeditado” e “direcionado”, pretendeu provocar “terror”, insistiu o procurador.

Desde 04 de dezembro, as imagens captadas por videovigilância do jovem a segurar friamente a sua arma com silenciador e a disparar sobre o empresário de 50 anos, num passeio do bairro comercial de Midtown, deram a volta ao mundo.

O suspeito conseguiu fugir e sair de Nova Iorque e cinco dias depois, foi reconhecido e detido num restaurante de fast food em Altoona, uma pequena cidade rural a cerca de 480 quilómetros a oeste de Nova Iorque, no Estado da Pensilvânia.

Muitos elementos o implicam no assassínio: as suas impressões digitais foram encontradas perto do local do crime, assim como os cartuchos correspondentes ao ‘kit’ de armas, incluindo alguns elementos feitos numa impressora 3D, encontrados com ele.

Nos seus pertences, a polícia encontrou ainda um texto manuscrito de três páginas dirigido ao setor dos seguros de saúde.

Desde o homicídio que os meios de comunicação social e os investigadores se têm centrado no passado de Luigi Mangione para tentar perceber o que poderá tê-lo levado a cometer o crime.

O jovem sofria de fortes dores nas costas há vários meses, uma lesão que “arruinou a sua vida”, segundo a polícia, mas nesta fase da investigação “nada indica” que alguma vez tenha sido cliente da UnitedHealthCare.

O arguido é também acusado de dois crimes de homicídio em segundo grau, um dos quais é também um crime de terrorismo, além de outros sete crimes relacionados com posse de armas e mais um por posse de “um instrumento falsificado”.

Desde a sua detenção, o arguido tem recebido bastante apoio nas redes sociais por parte de cidadãos norte-americanos que o consideram um “herói” e criticam as práticas abusivas das companhias de seguros de saúde dos Estados Unidos.

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