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PR sul-africano justifica repressão da polícia contra mineiros ilegais

Lusa
18-11-2024 16:57h

O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, justificou hoje a ação policial, que bloqueia a entrega de alimentos a centenas de mineiros ilegais que ocupam uma mina de ouro abandonada, defendendo que devem abandonar o local.

Efetivos das forças de segurança estão há várias semanas em frente à mina de ouro abandonada de Stilfontein, 150 quilómetros a sudoeste de Joanesburgo, e impedem os residentes de fornecer alimentos aos mineiros.

“Nesta fase, mais de mil mineiros saíram e foram detidos”, afirmou Ramaphosa em comunicado, descrevendo o local como uma “cena de crime”.

“Os que estão de boa saúde foram detidos e serão levados a tribunal. Os que precisam de cuidados médicos serão levados para o hospital sob escolta policial”, acrescentou Ramaphosa.

A operação policial suscitou o receio de que os mineiros possam estar a passar fome ou mesmo a morrer.

Um corpo em decomposição foi encontrado na semana passada no poço da mina.

No sábado, um tribunal ordenou à polícia que pusesse fim a todas as restrições em torno da mina e a Comissão dos Direitos Humanos da África do Sul anunciou que estava a investigar as mortes.

Ramaphosa afirmou que a polícia fará “tudo o que estiver ao seu alcance para reduzir o risco de ferir os mineiros”.

Desde sexta-feira, nove pessoas saíram da mina, incluindo um homem que disse à AFP ter passado dois meses debaixo da terra antes de sair devido às condições de vida insuportáveis.

“Não há mais nada para comer ou beber”, disse ele, culpando a polícia.

As autoridades policiais anunciaram hoje que tinham sido enviados para a mina alimentos, água e bebidas energéticas para dar aos mineiros força suficiente para saírem.

A polícia anunciou também que havia uma nota escrita à mão pelos mineiros pedindo o envio de medicamentos antirretrovirais para tratar os doentes de SIDA.

“Se os antirretrovirais forem um dos pedidos (...) indicámos que isso será feito de forma coordenada”, disse um porta-voz da polícia.

Um residente estima em 4 mil o número de mineiros que ainda se encontram na mina, mas a polícia estima o número em centenas.

De acordo com Ramaphosa, os mineiros ilegais, ou ‘zama zamas’ (“aqueles que tentam”) na língua Zulu, são uma “ameaça” para “a economia, as comunidades e a segurança pessoal” na África do Sul.

“Os mineiros ilegais têm sido implicados em crimes graves e violentos, incluindo assassínios e violações em grupo. Muitos entraram ilegalmente no país”, acrescentou.

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