Um estudo na Unidade Local de Saúde do Tâmega e Sousa concluiu que análises a doentes com traumatismo cranioencefálico podem evitar a utilização da TAC em cerca de 23% dos casos, disse hoje à Lusa fonte médica.
Este estudo mostra a possibilidade de mudança de paradigma no diagnóstico de traumatismo de crânio, permitindo com uma análise sanguínea, de forma rápida e muito segura, evitar a realização exames com radiação, que têm efeitos secundários quando realizados de forma repetida, acentuou a diretora do serviço de urgência, Carla Freitas.
Cerca de 300 utentes com diagnóstico de traumatismo cranioencefálico (TCE) participaram, de maio a agosto, no estudo considerado pela Unidade Local de Saúde do Tâmega e Sousa (ULS-TS) sediada em Penafiel, no distrito do Porto, como o maior do género já realizado em Portugal.
O estudo foi apresentado no 1.º Congresso Nacional de Medicina de Urgência e Emergência, que decorreu no passado fim de semana, no Porto, onde aquele trabalho foi premiado.
“O que nós pretendíamos era dar um passo em frente e apresentar numa sociedade científica que esta análise sanguínea tem muita validade clínica”, referiu.
O estudo recorreu a análises sanguíneas para avaliar a presença ou ausência de biomarcadores indicativos da presença de lesão.
O trabalho abrangeu utentes admitidos no serviço com TCE ligeiros, com menos de 12 horas de evolução e com indicação para realização de TAC (Tomografia computadorizada) cerebral.
Com uma combinação de testes laboratoriais, o estudo permitiu perceber quais os doentes que apresentavam um resultado positivo potencialmente indicativo de traumatismo com lesão cerebral. Se o resultado fosse positivo, os utentes eram encaminhados para realização de TAC. Caso contrário, não teriam necessidade de um exame de imagem, dado que a ausência dos biomarcadores permitia excluir o diagnóstico de TCE.
Aquele exame laboratorial, anotou à Lusa, permite submeter menos doentes a TAC, salvaguardando uma menor exposição a radiação.
Destaca a diretora do serviço de urgência que os resultados permitem avançar para novos estudos, com o objetivo de se padronizar esta ferramenta de diagnóstico no futuro nos serviços de urgência hospitalares, em termos nacionais.
A maioria dos doentes incluídos no estudo (57,6%) apresentava idade superior a 70 anos, sendo 53,4% do sexo feminino. Destes, 83,4% recorreu ao serviço de urgência no contexto de queda.