O empresário José Magro disse hoje que não marcou qualquer consulta para as gémeas luso-brasileiras tratadas com um dos medicamentos mais caros do mundo e que a sua intervenção foi apenas pedir o contacto da médica Teresa Moreno.
José Magro foi ouvido hoje na comissão parlamentar de inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras que sofrem de atrofia muscular espinal e receberam em 2020 o medicamento Zolgensma no Hospital de Santa Maria. Foi chamado porque o seu contacto está presente num email enviado pela mãe das crianças e o Hospital Lusíadas.
Na sua intervenção inicial, o empresário disse que tomou conhecimento do caso em 08 de outubro de 2019, quando foi contactado por Eduardo Migliorelli, um cidadão brasileiro seu conhecido, que lhe pediu o contacto dos médicos Teresa Moreno e José Pedro Vieira, que trabalhavam no Hospital Lusíadas, em Lisboa.
Na sequência desse pedido, contactou Victor Almeida, à época diretor comercial dos Lusíadas Saúde e com quem tenha “uma relação próxima”. Nos dias seguintes, teve conhecimento que Nuno Rebelo de Sousa também pretendia o contacto da neuropediatra.
José Magro indicou também que, como em 15 de outubro ainda não tinham obtido o contacto, sugeriu ao filho do Presidente da República que fosse enviado um email para Victor Almeida a mencionar o caso e o interesse em contactar a médica Teresa Moreno, e que pediu que o seu endereço de email estivesse em conhecimento para poder acompanhar a evolução do pedido. Mas não soube responder se foi Nuno Rebelo de Sousa que transmitiu isso à mãe das gémeas.
No dia 22, teve indicação por parte de Nuno Rebelo de Sousa de que ainda não tinha sido possível obter o contacto, mas que a sua intervenção não seria mais necessária e que iria “fazer de outra forma”, sem especificar ao que se referia.
“A partir daí esgotou-se a minha intervenção no caso”, indicou, salientando que nunca pediu a marcação nem a desmarcação da consulta que esteve inicialmente marcada nos Lusíadas e a sua intervenção no caso passou apenas por pedir o contacto da médica Teresa Moreno.
José Magro indicou que intercedeu neste caso “por dever de cidadania” e “sentido de humanidade”.
O gestor disse também que nunca teve qualquer contacto com o Presidente da República ou qualquer membro da sua Casa Civil, nem com nenhum membro do Governo ou os hospitais Santa Maria e Dona Estefânia.
Em resposta ao PS, José Magro disse que “sabia que havia duas gémeas que estavam em situação grave, mas não sabia qual era o objetivo” do contacto com Teresa Moreno e que não teve conhecimento da evolução do caso.
O consultor empresarial lembrou ainda que foi vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira entre 2015 e março de 2019, e que foi no “desempenho dessas funções e por causa do desempenho dessas funções” que conheceu Eduardo Migliorelli, Victor Almeida e Nuno Rebelo de Sousa.
José Magro indicou que desde que deixou as funções na câmara de comércio encontra-se “raramente” com o filho do Presidente da República, com quem tem uma “relação cordial”.
Questionado pelos deputados, José Magro disse que nunca falou com a mãe das meninas, nem conhece ninguém da família. Também não conhece a companheira de Nuno Rebelo de Sousa, Juliana Drummond, ou a neuropediatra e não sabia que Teresa Moreno trabalhava no Hospital de Santa Maria.