"Um dos grandes problemas é a questão de indisciplina no exercício da profissão [de psicólogo em Cabo Verde] e é por isso que [a elaboração de] um código será uma das primeiras ações a tomar", disse Daniel Lopes.

Segundo referiu, há pessoas sem a devida capacitação ou licenciatura a exercer a profissão e a conduzir ações no âmbito da psicologia, mesmo sem terem o conhecimento adequado.

"O país precisa de organizar a atuação dos psicólogos e regulamentar a própria ciência", numa altura em que se celebra o ano da saúde mental, por iniciativa do Governo. 

A criação de uma sede para a classe profissional é outra das prioridades.

"Sei que será difícil, pois estamos a começar do zero, sem estrutura. Vamos ter que criar condições, seja através de convénios com o Governo ou com parceiros nacionais e internacionais", concluiu.

O primeiro bastonário da Ordem dos Psicólogos foi escolhido no domingo, com 52% dos votos entre 193 eleitores, numa eleição marcada por uma grande abstenção.

Daniel Lopes, psicólogo formado na área do trabalho e organização pela Universidade do Mindelo, em São Vicente, há 18 anos, concluiu mestrado no Brasil e, atualmente, realiza uma pós-graduação em recursos humanos, com foco em recrutamento e seleção por competências.

Os estatutos da ordem foram publicados em 2021 e preveem a elaboração de um código deontológico.

O Governo cabo-verdiano elegeu 2024 como ano da saúde mental no arquipélago por forma a suscitar o debate e consciencialização para o tema. 

Há duas semanas, o Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, pediu mais investimentos nas instituições e nos profissionais que trabalham com doentes mentais.

"É fundamental investirmos nas instituições e nos seus mecanismos de suporte, nos recursos humanos, na formação de quadros, na conscientização, prevenção e no fortalecimento do apoio psicológico", apontou o Presidente.