A vice-presidente da Associação Living Care, responsável pela gestão do Lar da Bela Vista, no Funchal, admitiu hoje que foram dados banhos aos utentes com recurso a chaleiras, mas assegurou que todos os cuidados de higiene estão assegurados.
Numa audição parlamentar na Comissão Permanente de Inclusão Social e Juventude da Assembleia Legislativa da Madeira, requerida pelo PS, Andreia Teixeira referiu que foram providenciados banhos aos utentes com recurso a chaleiras, devido a uma avaria da caldeira.
“Nós utilizamos sempre água quente”, disse, reforçando que “nunca houve banhos de água fria”.
Questionada pelos jornalistas após a audição, a responsável indicou que a situação foi resolvida na segunda-feira, depois de "alguns meses" de banhos com recurso a chaleiras.
Perante os deputados, Andreia Teixeira garantiu que “estão a ser assegurados todos os cuidados e toda a higiene” aos utentes, realçando igualmente que a instituição dispõe dos recursos humanos suficientes para dar as respostas necessárias aos idosos do lar.
O Lar da Bela Vista, cujo edifício apresenta um visível estado de degradação, tem sido alvo de várias críticas e denúncias públicas relacionadas com alegadas condições deficientes de funcionamento e assistência aos utentes, sobretudo desde que a gestão transitou da esfera pública para o setor privado, em 2023.
Interrogada pelos deputados, Andreia Teixeira refutou que haja atrasos nas refeições dos utentes, embora admita alguma “falha pontual”, assim como negou as reclamações de medicação fora do prazo, citadas pela deputada do PS Marta Freitas.
“Eu acho um pouco improvável atendendo a que nós estamos a receber a medicação todas as semanas”, declarou, vincando, por outro lado, que o lar já está a cumprir “há alguns meses” o rácio de colaboradores alocados aos diversos pisos”.
“Não temos falta de pessoal de momento”, assegurou a vice-presidente da Associação Living Care, reforçando: “Em momento algum os utentes deixaram de ter as atividades, em momento algum os utentes deixaram de ter apoio”.
Andreia Teixeira disse também que não foram até ao momento registadas queixas no livro de reclamações, indicando, porém, que foram feitas duas queixas diretamente ao Instituto de Segurança Social da Madeira.
Depois destas declarações, confrontada pelo deputado do JPP Miguel Ganança, a responsável admitiu que em janeiro deste ano a instituição ainda não dispunha de livro de reclamações e encontrava-se a aguardar o envio do mesmo.
Andreia Teixeira reconheceu ainda que o edifício apresenta sinais de degradação e apontou que o modelo de gestão imposto pelo Instituto de Segurança Social da Madeira “muitas vezes não ajuda a fazer um melhor ou a aplicar um melhor modelo”.
Segundo a vice-presidente da Living Care, foi submetida uma candidatura ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para requalificar o edifício, sendo que, em caso de não ser exequível, devido aos prazos impostos pelo PRR, terá de ser encontrado “um plano B” para proceder às obras de requalificação, indicou.
A Comissão Permanente de Inclusão Social e Juventude vai ainda ouvir o administrador cessante do Lar da Bela Vista, Tony Saramago, a secretária regional da Inclusão e Juventude, Ana Sousa e a presidente do Instituto da Segurança Social da Madeira, Micaela Freitas.
O Lar da Bela Vista, situado na zona leste do Funchal, foi construído na década de 70 para ser uma unidade hoteleira, mas nunca funcionou como tal e acabou por ser adaptado para se tornar um lar de idosos com gestão pública.
Em julho de 2023, o Governo Regional transmitiu o imóvel e a sua gestão para a Associação Living Care.