O Programa abem:, que facilita o acesso a medicamentos prescritos a quem não tem capacidade financeira para os comprar, permitiu em mais de sete anos poupar 29 milhões de euros ao Serviço Nacional de Saúde em urgências e internamentos.
Segundo um estudo que será hoje divulgado sobre o impacto do Programa abem: Rede Solidária do Medicamento, que é desenvolvido pela Associação Dignitude, o projeto já apoiou mais de 38.000 pessoas, tendo contribuído para a dispensa de quase três milhões de embalagens de medicamentos.
O estudo, que será apresentado na “Conferência abem: Saúde & Sustentabilidade”, em Lisboa, a poupança conseguida entre maio de 2016 e dezembro de 2023 (mais de 29 milhões de euros) foi estimada tendo em conta os episódios de urgência e internamentos evitados pelo cumprimento da terapêutica de quem beneficiou deste apoio na compra dos medicamentos.
Os dados indicam que mais de metade da poupança estimada (16,9 M€) se deve a internamentos evitados de doentes de psiquiatria, seguidos dos internamentos dos doentes com enfarte agudo do miocárdio (6,2M€), das poupanças conseguidas no programa de tratamento da diabetes tipo 1 (3,1M€), dos episódios de urgência (1,8 M€) e dos internamentos de doenças com asma/pneumonia (1,4 M€).
Anualmente, por cada milhão de euros investido neste programa consegue-se uma poupança potencial de 5,4 milhões de euros (M€) para o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O Índice de Saúde Sustentável, desenvolvido pela Nova Information Management School (Nova IMS), estima que uma em cada dez pessoas não compre os medicamentos prescritos porque não tem dinheiro para os pagar.
Tendo este dado em conta, o estudo estima que, se o Programa abem: tivesse chegado no ano passado às cerca de 920 mil pessoas que todos os anos deixam de comprar os medicamentos de que precisam por falta de dinheiro, "com um investimento de 142 M€ teria sido possível uma poupança superior a 772 M€ em internamentos e episódios de urgência evitados".
O estudo, que avaliou também o impacto ambiental do programa, aponta para uma redução das deslocações aos hospitais para episódios de urgência e internamentos. Anualmente, por cada beneficiário abem: evita-se a emissão de cerca de 4,14 kg CO2.
Extrapolando para todo o universo de beneficiários do programa, estima-se em 62,39t CO2 as emissões evitadas no ano passado, o equivalente a 1.188 viagens Lisboa – Porto de carro.
O Programa abem: está presente em todos os distritos e regiões autónomas dos Açores e Madeira, cobrindo uma área geográfica onde reside 65% da população portuguesa.
A avaliação feita indica que o projeto, em dezembro de 2023, já tinha apoiado mais de 35.300 pessoas, num total superior a 20.000 famílias, com mais de 9,6 M€ em comparticipações na compra de medicamentos.
Mais de três em cada quatro (78,3%) medicamentos comprados com apoio do Programa abem: são utilizados para o sistema nervoso, aparelho cardiovascular, aparelho digestivo e metabolismo e aparelho respiratório.
Em Portugal, as doenças cardiovasculares são responsáveis por 27,4% das mortes (causa n.º1). As doenças respiratórias têm um peso de 9,1% e as do aparelho digestivo e diabetes 7,5%.
Em dezembro de 2023, o Programa abem: tinha mais de 1.160 farmácias aderentes e 642 associados (empresas e pessoas singulares), registando mais de 50.000 doadores.
As famílias em situação de carência podem ser referenciadas ao Programa pelas entidades parceiras locais, que vão desde juntas de freguesia e câmaras municipais, a instituições de solidariedade. Depois de referenciado, cada elemento da família tem acesso ao cartão abem: bastando apresentá-lo numa farmácia aderente para poder comprar os medicamentos comparticipados que lhe forem prescritos, com a despesa coberta pelo Fundo Solidário.