Uma organização não governamental (ONG) de Hong Kong disse à Lusa que quer aplicar em outros países, a começar pelas Honduras, um projeto que inverteu em Timor-Leste o rápido crescimento da dengue no Sudeste Asiático.
Entre janeiro e julho, a fundação GX instalou mais de 1.670 lâmpadas antimosquitos e distribuiu quase 30 mil fitas adesivas para apanhar insetos, perto de 18 mil testes rápidos de deteção da dengue e cerca de 500 redes antimosquitos, nos 14 municípios timorenses.
A diretora executiva da GX, Emily Chan Ying-yang, disse estar “muito orgulhosa” do sucesso do projeto em Timor-Leste, o primeiro do género para uma ONG que até então se dedicava sobretudo a cirurgias de cataratas.
Emily Chan sublinhou que, de acordo com dados oficiais do Ministério da Saúde timorense, um dos parceiros da GX, o número de casos de dengue diminuiu 10% na primeira metade de 2024, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Em comparação, a prevalência desta doença, transmitida por mosquitos, mais que duplicou no sudeste asiático, incluindo na vizinha Indonésia e em Singapura, cidade-estado “com um sistema de saúde muito melhor” que o timorense, sublinhou a dirigente.
A professora da Universidade Chinesa de Hong Kong revelou que a fundação já começou a tentar aplicar o “pacote de intervenção” usado em Timor-Leste em outros países, a começar pelas Honduras.
Como especialista em saúde pública, Chan defendeu que o projeto timorense “é definitivamente um tipo de intervenção que pode ser replicado em todo o mundo”, graças à ausência de impactos negativos e à aposta na educação e formação das comunidades.
Na primeira metade de 2024, o número de casos na capital Díli, a capital de Timor-Leste, caiu 46% e a diretora da GX atribuiu a subida em alguns municípios aos testes rápidos, que permitiram “um diagnóstico precoce e um tratamento atempado”.
Algo que alivia a pressão no Laboratório Nacional da Saúde timorense, “dá mais confiança para a população recorrer ao sistema municipal” de saúde e reduz o período médio de hospitalização dos infetados com dengue, nomeadamente em Díli, sublinhou Chan.
O sucesso do projeto levou o Governo de Timor-Leste a decidir, já em julho, prolongar o programa até 2026. Dois anos durante os quais a GX irá instalar 2.600 lâmpadas antimosquitos e distribuir 85 mil testes rápidos, 80 mil fitas adesivas e 800 redes antimosquitos.
Além disso, Chan irá visitar o país no final de outubro e assinar um acordo para um novo projeto, que prevê a instalação de 100 máquinas de filtragem e distribuição de água potável usando nanotecnologia chinesa.
A diretora da fundação disse que a prioridade irá para locais públicos como escolas e igrejas e, sobretudo, para garantir que os hospitais e centros de saúde têm acesso a água limpa para as suas operações e para dar aos doentes.
A fundação GX, criada em Hong Kong em 2018, tem como presidente Leung Chun-ying, que liderou o Governo da região semiautónoma chinesa entre 2012 e 2017.