Pelo menos cinco palestinianos morreram e quatro ficaram feridos hoje à noite num ataque israelita à escola Hafsa al-Fawqa, no campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, há dez dias sob cerco militar.
Depois de ter informado que os feridos tinham sido transportados para o hospital Kamal Adwan, o porta-voz da Defesa Civil de Gaza, Mahmud Basal, indicou que cinco pessoas foram mortas.
Este é o segundo ataque a uma escola em menos de 24 horas, depois do bombardeamento de uma escola em Nuseirat, no centro daquele território palestiniano, que fez 23 mortos.
Segundo fontes palestinianas, caças israelitas bombardearam a escola, que albergava deslocados do campo de Jabalia, contra o qual o Exército israelita intensificou os seus ataques nos últimos dez dias, após ter ordenado à população - das cidades de Jabalia, Beit Lahia e Beit Hanun - que abandonasse toda a zona norte do enclave palestiniano.
Mais 15 palestinianos foram mortos em Gaza nas últimas horas: dez num ataque de artilharia israelita a um centro de distribuição de alimentos da Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinianos (UNRWA), também em Jabalia, e pelo menos cinco num ataque a tendas de deslocados perto do Hospital dos Mártires de Al-Aqsa, em Deir al-Balah, que fez também 70 feridos.
Após o ataque, deram hoje a volta ao mundo imagens de pessoas em chamas num incêndio que, segundo fontes palestinianas, poderá ter sido desencadeado pelo bombardeamento de tendas com componentes de ‘nylon’ e plástico.
Segundo a comunicação social israelita, o Exército está a investigar o que aconteceu, mas crê que o fogo foi causado por “explosões secundárias” após o bombardeamento.
Uma enfermeira da organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF) que trabalha naquele complexo hospitalar classificou o que aconteceu como “devastação” e explicou que muitos dos feridos têm “queimaduras graves”.
“É um cenário de devastação. As tendas arderam enquanto as pessoas dormiam. O hospital tratou 40 feridos, entre os quais 10 crianças e oito mulheres, muitos deles com queimaduras graves. Outros 25 tiveram de ser transferidos, por falta de capacidade”, disse a enfermeira Eliza Sabatini, citada num comunicado da MSF.
A MSF condenou o bombardeamento, horas antes, da “escola utilizada como abrigo, no campo de Nuseirat”, que ultrapassou a capacidade “do hospital e do pessoal médico”.
“Incidentes sucessivos com vítimas em massa como estes seriam muito difíceis para qualquer hospital bem equipado. Em Gaza, onde continuamos a sofrer restrições severas ao abastecimento de material médico, é simplesmente impossível prestar cuidados adequados aos pacientes”, sublinhou Sabatini.
O Hamas lançou em 07 de outubro de 2023 um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, que causou a morte de mais de 1.140 pessoas em Israel, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelitas.
Cerca de 240 pessoas foram raptadas e levadas para Gaza, segundo as autoridades israelitas. Destas, perto de cem foram libertadas no final de novembro, durante uma trégua em troca de prisioneiros palestinianos, e 132 reféns continuam detidos no território palestiniano, 28 dos quais terão morrido.
Em resposta ao ataque, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.