SAÚDE QUE SE VÊ

Caso gémeas: Neuropediatra reencaminhou email da mãe para direção clínica do Santa Maria

Lusa
14-10-2024 10:48h

A neuropediatra Teresa Moreno, que acompanhou as gémeas luso-brasileiras, disse sexta-feira no parlamento que não respondeu ao ‘email’ da mãe das crianças, tendo-o reencaminhado para a direção clínica do Hospital de Santa Maria.

“O primeiro contacto que tenho com a mãe das gémeas é no dia 14 de novembro [de 2019]. Manda-me um email a dizer: Sou a senhora Daniela Martins, sou a mãe das gémeas, penso que já deve ter ouvido falar do meu caso. É aí o primeiro contacto, ao qual eu não respondi”, indicou a médica, em resposta ao deputado do PCP Alfredo Maia.

Na sua audição, no âmbito da comissão parlamentar de inquérito ao caso das crianças tratadas com o Zolgensma em 2020, a médica salientou que não lhe caberia a si decidir uso da medicação.

“Não me caberia a mim decidir. Até pelos custos escandalosos que isto implica e existindo - e isto é ponto importante - uma medicação que na altura já era uma medicação alternativa. […] Estávamos em 2019, onde nós estávamos a fazer uma medicação que tem bastante valor e que não impediria que houvesse um desfecho fatal. Eu não estava a escolher entre [tudo ou] nada e todas estas crianças que me contactaram já estavam a fazer Nusinersen”, salientou.

Teresa Moreno recordou ainda que foi “contactada várias vezes” por vários lusodescendentes que souberam do tratamento e queriam tratar dos seus filhos em Portugal.

“[Além da mãe das gémeas], um colega abordou-me no hospital, um telefonema de outra colega, um telefonema de um familiar, pedindo a medicação”, contou.

No início dos trabalhos, o deputado do PSD António Rodrigues protestou contra uma queixa da mãe das crianças apresentada no Tribunal Administrativo de Lisboa, na qual pede que o nome da comissão seja alterado.

António Rodrigues cita uma notícia do canal Now que diz que a progenitora alega que “a denominação coloca em causa a intimidade das crianças”.

“A comissão não pode permitir este tipo de tratamento por parte de Daniela Martins”, considerou.

O Now informa ainda que o Tribunal Administrativo aceitou um recurso de Daniela Martins contra a decisão que não apreciou o pedido de retirada de documentos pessoais da comissão, que já foi notificada para se pronunciar.

“O tribunal aceitou o recurso e eu penso que é uma aceitação meramente formal, sem conhecer o processo devido, uma vez que os requisitos estão preenchidos em termos de sujeito, em termos de objeto, em termos de prazo. […] Qualquer jurista dirá que o tribunal rejeitará liminarmente aquilo, mas obviamente decidirá como entender”, observou o líder do Chega, André Ventura.

Também o presidente da comissão parlamentar de inquérito, Rui Paulo Sousa, voltou a referir que o comportamento do advogado da mãe “tem sido no mínimo questionável em determinadas circunstâncias” e que o seu pedido de inquérito ao presidente da Assembleia da República não foi acolhido.

“A 14.ª comissão […] devolveu ao presidente da Assembleia da República esse pedido de inquérito. Em termos práticos podemos dizer que a Assembleia da República não fez absolutamente nada quanto a isto”, disse o também deputado Chega.

De acordo com Rui Paulo Sousa, a 14.ª comissão respondeu “não ter as competências para fazer tal inquérito”.

MAIS NOTÍCIAS