O PAICV, maior partido da oposição cabo-verdiana, criticou hoje o falhanço do Governo em realizar iniciativas práticas sobre a saúde mental no ano que lhe foi dedicado e acusa-o de ter feito apenas publicidade.
"O ano de 2024 foi considerado um ano da saúde mental em Cabo Verde. O que fez o Governo, para além de publicidades e cartazes? Era esperado que a iniciativa trouxesse, em termos práticos, resultados adicionais ou melhorias nas intervenções, mas, ao contrário do que se esperava, os casos de suicídio aumentaram, a assistência aos portadores de doença mental pioraram", questionou a deputada Paula Moeda, do grupo parlamentar do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV).
Na sua intervenção no parlamento, na primeira sessão ordinária de outubro e no Dia Mundial da Saúde Mental que hoje se celebra, a deputada do PAICV, sem apresentar quaisquer dados, referiu também que há perceção do "aumento de doentes mentais nas ruas por falta de assistência".
A deputada afirmou que esta situação tem colocado em "risco" a segurança das pessoas nas ruas e igualmente dos familiares.
"Os centros terapêuticos instalados não dão resposta, os pacientes não têm acompanhamento especializado adequado, não têm um trabalho de prevenção e, sobretudo, a falta de interligação desejável entre os serviços de saúde, as comunidades e as famílias. Esperemos melhores dias para a saúde mental em Cabo Verde", declarou.
A deputada considerou que o "setor da saúde tem estado com problemas muito graves" e que poderá entrar em "colapso", recordando que o país está há uma semana em situação de contingência face ao risco de aumento dos casos de dengue provocados pelas chuvas.
Paula Moeda voltou a questionar o Governo sobre que medidas estão a ser tomadas para estancar a proliferação da doença.
"Está-se perante um problema de saúde pública e quem responde por esta área é o Governo, que tem a responsabilidade de, previamente, organizar equipas multissetoriais e interministeriais, mobilizando todas as estruturas e parceiros com vista ao controle da situação". sustentou.
A deputada do Movimento para a Democracia (MpD, no poder) Lúcia Passos defendeu que a saúde mental exige um trabalho de prevenção e que o setor da saúde tem tido ganhos.
"Apelamos ao Governo para continuar a reforçar todos os profissionais da saúde em relação a esta questão e reconhecemos os trabalhos que todos os profissionais têm estado a fazer para garantir o bem-estar da população cabo-verdiana", sustentou.
A ministra da Saúde, Filomena Gonçalves, disse que Cabo Verde está a explorar a possibilidade de obter uma vacina contra a dengue.
Em julho, a ministra afirmou que o país precisa de "dados consolidados" sobre a saúde mental, depois de questionada no parlamento sobre carências na especialidade.
Jacob Vicente, especialista que lidera o único Centro de Atendimento Psicológico no país, localizado na capital, Praia, disse em entrevista à Lusa, no final de junho, que é necessário melhorar o fornecimento de antidepressivos às farmácias.
O suicídio é responsável por 41% das mortes por causas externas e, em resposta, Cabo Verde elaborou a sua primeira Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio, com base nas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), recorda-se no documento base da nova estratégia conjunta.