O porta-voz da Frente Social da Guiné-Bissau, João Yoyo Correia, disse hoje à Lusa que a greve de três dias no país “teve maior impacto no setor da Saúde”, com uma adesão de cerca de 90%.
Yoyo Correia, que procedia ao balanço da paralisação, iniciada na segunda-feira, afirmou que a Frente Social, plataforma que junta dois sindicatos de técnicos da Educação e outros tantos da Saúde, “não se sente bem em afirmar que a greve teve impacto na Saúde”.
“É uma batalha pela dignificação dos profissionais das duas classes. Podemos dizer que houve cerca de 90% de adesão no setor da Saúde, de onde recebemos diferentes gritos de socorro da população”, mesmo com serviços mínimos nos hospitais e centros de saúde, afirmou o sindicalista.
Vários serviços do Simão Mendes, em Bissau, principal hospital da Guiné-Bissau, tiveram de mandar para casa, para clínicas privadas ou para o Hospital Militar os doentes que procuraram atendimento durante os três dias da greve.
O serviço de urgência do Simão Mendes, hospital de referência, funcionou apenas com um médico que atendia os pacientes internados no serviço de ortopedia.
João Yoyo Correia lamentou que “antes e durante a greve”, hoje terminada, a Frente Social não tenha sido convocada pelo Governo para analisar os pontos que motivaram a paralisação laboral desde segunda-feira.
A greve surgiu no âmbito do protesto da Frente Social pelo não pagamento de cerca de dois anos de salário a cerca de cinco mil professores, pela exigência de efetivação na Função Pública de dezenas de técnicos da Saúde e ainda pela melhoria de condições de trabalho.
O porta-voz da Frente Social prometeu anunciar “novos passos a seguir” enquanto o Governo não se sentar à mesa e atender às reivindicações dos trabalhadores da Função Pública.
Das outras vezes que a Frente Social convocou greves, os líderes da organização denunciaram que foram alvo de ameaças e intimidações, o que desta vez não aconteceu, conforme reconheceu João Yoyo Correia.
No entanto, disse que, na região de Cacheu, no norte da Guiné-Bissau, o delegado do Ministério da Saúde “teria pedido um documento comprovativo” aos funcionários que não quiseram prestar serviço porque estavam de greve.
“Achamos que é a falta de conhecimento da exigência legal por parte dos trabalhadores de que basta o pré-aviso da greve” para aderir à paralisação, declarou João Yoyo Correia, que aproveitou para exortar e agradecer a “firmeza dos trabalhadores”.