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Sociedade de Diabetologia apela para que ministra normalize distribuição de bombas de insulina

Lusa
09-10-2024 17:36h

A Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD) apelou hoje à intervenção urgente da ministra da Saúde para normalizar a distribuição de bombas de insulina automáticas, afirmando que os doentes contavam receber estes dispositivos nas próximas semanas.

“Esta suspensão acarreta consequências diretas nas expectativas das pessoas com diabetes tipo 1, que esperavam colocar estas bombas nas próximas semanas e nos serviços clínicos que já tinham programado esta colocação e alterado a sua programação de atividade para acomodar este programa”, adianta a SPD numa carta aberta dirigida a Ana Paula Martins.

Em causa está, de acordo com a organização, a recente suspensão da distribuição de bombas de insulina previstas para este ano, uma “decisão comunicada pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde” (SPMS).

As pessoas com diabetes tipo 1, os centros de colocação de bombas de insulina e a SPD foram, na terça-feira, “surpreendidas com a notícia por parte dos SPMS do Ministério da Saúde da suspensão da distribuição das bombas de insulina do concurso deste ano”, refere a carta aberta.

A SPD relembra que, apesar de ser necessário Portugal “ultrapassar o atraso face aos outros países europeus” no acesso a esta tecnologia e da disponibilidade orçamental para a sua aquisição, todo o processo administrativo desenhado pelas estruturas do Ministério da Saúde tem sido “completamente desadequado para as necessidades das pessoas com diabetes e dos serviços clínicos que as acompanham”.

Segundo a carta, este ano, deveriam ter sido colocadas 2.500 bombas de insulina de última geração, estando ainda prevista a aquisição de 5.000 bombas anualmente nos próximos anos até serem supridas as necessidades.

“Corremos o risco de não colocar mais de 30% deste número” em 2024, alerta a SPD, a recordar que as bombas de insulina inteligentes, além de melhorarem a qualidade de vida das pessoas com diabetes tipo 1, que dependem para viver da injeção de insulina ao longo das 24 horas, diminuem o risco de complicações associadas ao controlo inadequado da sua diabetes.

A utilização destas bombas permite também, depois do período inicial de colocação, uma diminuição das necessidades de recursos de saúde em termos de consultas e exames, salienta ainda a sociedade científica.

Para o presidente da SPD, a colocação das bombas de insulina para as pessoas com diabetes tipo 1 deveria fazer parte da rotina dos serviços clínicos que as acompanham e “não da disponibilização episódica, imprevisível e por picos de disponibilidade”.

João Filipe Raposo pede a Ana Paula Martins que “tome uma decisão corajosa de acabar com o processo instituído” e normalize o acesso a esta tecnologia, alegando que o procedimento em vigor “depende de quatro organismos do Ministério da Saúde e não mostrou ser capaz de responder a estas necessidades”.

Também hoje, a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) revelou que a meta de colocar 2.500 bombas de insulina automáticas até final do ano não será cumprida e insistiu na necessidade de agilizar o processo.

O presidente da APDP, José Manuel Boavida, que foi hoje ouvido na comissão parlamentar da Saúde, defendeu que o sistema deveria passar pelas farmácias, lembrando que os concursos públicos atrasam todo o processo e lamentou a situação atual.

Segundo José Manuel Boavida, estima-se que haja cerca de 30.000 pessoas com diabetes tipo 1 e cerca de metade quererão ter bombas automáticas, sublinhando que “os concursos não permitem nenhuma poupança”.

Segundo noticiou hoje o JN, os centros de tratamento da diabetes estão a informar os doentes de que não poderão colocar as novas bombas de administração automática de insulina nas datas agendadas, porque um dos concorrentes do concurso público interpôs uma ação em tribunal que bloqueou o acesso dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde e da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal às bombas do segundo classificado do lote 2 do concurso público.

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