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Governo cabo-verdiano contra tentativas de “descredibilizar” sistema de saúde

LUSA
04-10-2024 17:06h

A ministra da Saúde cabo-verdiana refutou hoje declarações de "figuras públicas" que tentam “descredibilizar” o setor, depois de o Presidente da República pedir uma avaliação a todos os serviços, na sequência de casos que estão sob inquérito interno.

“Não posso deixar de expressar a minha preocupação com declarações de figuras públicas que procuram descredibilizar o nosso sistema de saúde, sem esperar pelas conclusões dos processos em curso”, referiu Filomena Gonçalves, em conferência de imprensa.

“Estamos num país com separação de poderes” e se “um dos órgãos de soberania” quisesse trabalhar “para o bem comum do sistema de saúde, estaria a solicitar informações [dentro do] quadro legal” e estaria “a aguardar que se terminassem os processos em curso”, antes de se pronunciar, detalhou.

Atualmente, as autoridades estão a investigar três casos ocorridos nas últimas semanas: as mortes de duas gestantes (uma durante o parto) e o desaparecimento do corpo de um bebé prematuro, que morreu no Hospital Agostinho Neto, Praia, o principal do país.

“O Governo não tem nenhum problema em fazer as auditorias que se impuserem”, após a conclusão dos inquéritos, disse a ministra, referindo que isso já aconteceu sob a sua gestão, em relação a outra ocorrência hospitalar.

José Maria Neves referiu na quinta-feira que os casos justificam “uma avaliação, uma auditoria geral a todo o Sistema Nacional de Saúde, ao seu desempenho, à forma como os serviços estão organizados, à qualidade dos serviços que são prestados e tomar medidas pertinentes”, por forma a responder a “inquietações da sociedade civil e dos cidadãos cabo-verdianos”.

A ministra da Saúde tem uma perspetiva diferente.

“Felizmente, casos graves como estes são raros em Cabo Verde e, quando acontecem, o Governo age sempre de acordo com a lei. Como está a acontecer neste momento”, referiu Filomena Gonçalves, acrescentando que as averiguações sobre cada caso “estão em curso e, assim que forem concluídas, os resultados serão partilhados sem qualquer reserva”.

“Caso se verifiquem atos de negligência ou condutas impróprias, as responsabilidades serão apuradas e sancionadas, como manda a lei”, acrescentou.

Segundo a governante, os profissionais de saúde têm conseguido que o sistema de saúde cabo-verdiano “continue a ser um dos mais resilientes e bem-sucedidos do continente e da comunidade dos países da língua portuguesa”.

Cabo Verde tem eleições autárquicas marcadas para 01 de dezembro e a ministra da Saúde pediu que a política não se misture com os casos de saúde.

“Apesar do momento pré-eleitoral, creio que cada um de nós tem responsabilidades para com o país, para com o sistema nacional de saúde”, concluiu.

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