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Médio Oriente: Três hospitais do Líbano fecham devido aos ataques de Israel

Lusa
04-10-2024 15:59h

Três hospitais do Líbano, incluindo um perto de Beirute, encerraram hoje devido aos ataques israelitas ao país, que danificaram os estabelecimentos e provocaram a morte de pelo menos quatro profissionais de socorro médico.

O hospital privado Sainte Thérèse, situado nos subúrbios a sul de Beirute e ferido por freiras, anunciou que iria cessar os seus serviços na sequência dos bombardeamentos que provocaram “danos imensos” no edifício.

Também dois hospitais públicos do sul do Líbano anunciaram ter de suspender a sua atividade.

A administração do hospital Mais al-Jabal, situado perto da fronteira com Israel, explicou à agência de notícias libanesa ANI, que “fechou todos os seus serviços” devido aos ataques israelitas e às dificuldades de abastecimento e de acesso.

Por seu lado, o diretor do hospital Marjayoun avançou, em declarações à agência de notícias francesa AFP, que foi forçado a encerrar portas depois de um ataque israelita na entrada do edifício contra equipas de resgate de uma organização afiliada ao Hezbollah que transportavam pessoas feridas.

“Um ataque israelita teve como alvo ambulâncias que estavam em frente à entrada principal, causando o pânico entre os funcionários”, contou o diretor, Mouenes Kalakesh.

Segundo a agência ANI, quatro trabalhadores do Comité Islâmico de Saúde, afiliado ao Hezbollah, foram mortos.

Na quinta-feira, o ministro da Saúde, Firas Abiad, disse que mais de 40 membros de equipas de resgate e bombeiros foram mortos em ataques israelitas realizados nos últimos três dias, acrescentando que, desde o início do conflito entre Israel e o grupo fundamentalista islâmico libanês Hezbollah, há quase um ano, foram mortos 97 trabalhadores dos serviços de saúde.

O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, apelou hoje à comunidade internacional para pressionar Israel a “permitir que as equipas de resgate cheguem aos locais bombardeados para retirar” os feridos e levá-los em segurança para locais onde possam receber ajuda.

De acordo com dados hoje divulgados pelo Conselho Libanês de Enfermagem, pelo menos 102 profissionais de saúde foram mortos e outros 225 ficaram feridos na sequência da campanha israelita contra o país mediterrânico, iniciada na semana passada.

O presidente da entidade, Abir Alame, destacou ainda que pelo menos nove hospitais do país foram atacados desde a escalada do conflito.

“Tanto as instituições de saúde, como as ambulâncias e os profissionais de saúde estão no centro das atenções”, alertou, numa conferência de imprensa realizada nas Nações Unidas, em Genebra.

O representante, que falou por videoconferência a partir do Líbano, acrescentou que o sistema de saúde do país já estava “seriamente enfraquecido” antes da escalada do conflito, com mais de 3.500 enfermeiros a emigrar do país desde 2019, quando este entrou numa profunda crise socioeconómica.

A situação foi agravada pela pandemia de Covid-19 e pela explosão do porto de Beirute em 2020.

Para fazer face à situação atual, o Conselho Libanês de Enfermagem recrutou mais de 700 enfermeiros voluntários, muitos dos quais já reformados, e lançou uma campanha de reforço dos serviços de saúde, especialmente no sul do país, onde se concentra a ofensiva israelita.

A ONU enviou um avião com 30 toneladas de material médico, que aterrou hoje em Beirute, a primeira ajuda das Nações Unidas desde o início dos bombardeamentos israelitas no Líbano.

O material cirúrgico enviado é, de acordo com a diretora regional da Organização Mundial de Saúde, Hanan Balkhy, “suficiente para tratar dezenas de milhares de pessoas”.

“Outros aviões deverão chegar ainda hoje e amanhã [sábado]”, acrescentou Balkhy nas redes sociais, citada pela AFP.

O ministro da Saúde libanês, Firas Abiad, que esteve presente no aeroporto, disse que a ajuda será “crucial para apoiar os hospitais libaneses”.

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