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Mais de 5 milhões de civis afetados pelas inundações na África Ocidental e Central

LUSA
03-10-2024 19:52h

As inundações na África Ocidental e Central afetaram mais de cinco milhões de pessoas em 16 países e atingiram níveis catastróficos, anunciou hoje o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

Segundo o OCHA, os países mais atingidos por estas cheias foram o Chade, o Níger e a Nigéria, onde se situam mais de 80% das pessoas afetadas.

Mais de 1.000 pessoas morreram e pelo menos 740.000 foram deslocadas, lamentou.

"Centenas de milhares de casas, mais de uma centena de escolas e dezenas de instalações de saúde foram danificadas. Cerca de 500.000 hectares de terras agrícolas foram afetadas", enumerou.

"Sem apoio suficiente, as inundações ameaçam impedir a reabertura das escolas, prevista para outubro, e poderão também agravar a insegurança alimentar e a subnutrição existentes, nomeadamente no Chade e no Níger", alertou.

As condições de vida precárias das pessoas afetadas pelas inundações aumentam também o risco de doenças transmitidas pela água, como a cólera, que está a alastrar-se em muitas regiões do Níger e da Nigéria, disse.

"Os nossos parceiros humanitários estão mobilizados e a apoiar a resposta, nomeadamente através da assistência alimentar e sanitária, mas os esforços estão limitados pela falta de recursos financeiros", advertiu.

A Coordenadora Interina da Ajuda de Emergência, Joyce Msuya, atribuiu 35 milhões de dólares (cerca de 32 milhões de euros) para apoiar a resposta em cinco dos países afetados - Chade, Níger, Nigéria, República Democrática do Congo e Congo -, mas é urgentemente necessário mais financiamento, indicou.

Concretamente em relação à Nigéria, o OCHA comunicou hoje também que a Coordenadora Interina da Ajuda de Emergência atribuiu cinco milhões de dólares (cerca de 4,5 milhões de euros) do Fundo Central de Resposta de Emergência das Nações Unidas (CERF) para aumentar a resposta às inundações nos estados de Borno e Bauchi, no nordeste, e Sokoto, no noroeste.

Estes fundos servirão para os parceiros humanitários ajudarem 280.000 pessoas nestes três estados com alimentos, água potável, saneamento e apoio a abrigos.

"Os fundos também ajudarão a mobilizar rapidamente recursos para melhorar o acesso aos cuidados de saúde, incluindo a prevenção da propagação da cólera e de outras doenças transmitidas pela água", indicou.

"Os recursos destinar-se-ão igualmente a reforçar os serviços de proteção, incluindo a luta contra a violência baseada no género, bem como o apoio às pessoas com deficiência", acrescentou.

Os fundos do CERF complementam uma verba de seis milhões de dólares (cerca de 5,4 milhões de euros) do Fundo Humanitário da Nigéria para Borno, Adamawa e Yobe, no nordeste do país, onde mais de meio milhão de pessoas foram prejudicadas pelas inundações.

Estes estados estão a sofrer surtos de cólera, que já causaram dezenas de mortos, no auge de uma crise de segurança alimentar e de subnutrição que, segundo as previsões, afetará cinco milhões de pessoas até este mês.

O coordenador humanitário na Nigéria, Mohamed Malick Fall, afirmou que as inundações criaram uma crise dentro de uma crise, salientando que milhões de pessoas já estavam a enfrentar níveis críticos de insegurança alimentar.

Fall advertiu que a última injeção de fundos é insuficiente para responder à escala das necessidades.

O Plano de Resposta Humanitária de 927 milhões de dólares (cerca de 840 milhões de euros) está atualmente financiado em apenas 46%, tendo sido recebidos 424 milhões de dólares (cerca de 384 milhões de euros), concluiu o OCHA.

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