Mãe e outros familiares de um bebé que morreu no principal hospital de Cabo Verde apresentaram queixa às autoridades pelo desaparecimento do corpo, cujo paradeiro continua desconhecido, relataram hoje à Lusa.
"Eu fui falar com a doutora e vi o meu bebé morto. Era noite. A minha irmã pediu o corpo, mas disseram que tinham de seguir procedimentos”, explicou Maria Semedo, 39 anos, ao recordar o que se passou a 24 de setembro, no Hospital Agostinho Neto (HAN), na capital de Cabo Verde, Praia.
Desde então, os familiares esperam "todos os dias" por uma informação sobre o corpo do bebé.
"Eu quero ver o meu filho e enterrá-lo", disse a mãe.
"Disseram que o enterraram, mas como? Eu não autorizei, nem o pai. Nós não temos prova, nem nenhuma informação concreta", referiu, acrescentando que o progenitor apresentou queixa junto da polícia, dois dias depois da morte.
Maria Semedo deu à luz dois gémeos prematuros, no HAN, no dia 15 de julho, um dos quais, uma menina, faleceu no dia após o parto.
A mãe permaneceu internada juntamente com o outro bebé, um menino, ao qual foram diagnosticados problemas num pulmão, sendo “colocado numa incubadora", relatou.
Um dia, o filho sofreu uma convulsão e o pessoal médico avisou Maria Semedo de que o estado de saúde era débil, acrescentou, acabando o bebé por falecer no dia 24 de setembro.
A ministra da Saúde de Cabo Verde, Filomena Gonçalves, já disse aos jornalistas que a unidade está a averiguar o caso para determinar responsabilidades, a par do inquérito a uma outra situação, sobre a morte de uma grávida, ocorrida há uma semana.
O Presidente da República, José Maria Neves, disse hoje à comunicação social que, face aos dois casos, as diligências devem ser mais amplas.
“Precisamos, definitivamente, de ser consequentes e de fazer uma avaliação, uma auditoria geral a todo o Sistema Nacional de Saúde, ao seu desempenho, à forma como os serviços estão organizados, à qualidade dos serviços que são prestados e tomar medidas pertinentes”, defendeu.
O chefe de Estado disse que, aquando da morte de sete bebés recém-nascidos, no Hospital Baptista de Sousa (HBS), em São Vicente, em 2023, também apelou às autoridades para que fosse feita uma auditoria a todo sistema de saúde para analisar o desempenho, qualidade dos serviços prestados e responder “às inquietações” da sociedade.