Cabo Verde está a explorar a possibilidade de obter uma vacina contra a dengue, disse hoje a ministra da Saúde, Filomena Gonçalves, em conferência de imprensa, depois de declarado o estado de contingência no país.
“Estamos a trabalhar com parceiros”, a desenvolver contactos que podem ir “até à possibilidade de se conseguir a vacina”, referiu a governante.
Com a disseminação da doença a nível mundial, o Governo cabo-verdiano acredita que “a decisão da Organização Mundial da Saúde (OMS) será avançar pela vacinação" e já está "a trabalhar nisso", disse Filomena Gonçalves.
A doença estará atualmente no pico, em Cabo Verde, com 8.500 casos, concentrados na capital, Praia (75% dos casos), e duas mortes (uma na Praia e outra em São Filipe, Fogo) desde novembro de 2023.
A elevada procura tem causado dificuldades em atender a todos os pedidos de testes ou venda de repelentes de mosquitos, que espalham a doença.
“Numa altura de pico, é normal que haja determinados momentos em que, por uma razão ou outra, haja atraso em termos de reposição”, reconheceu a ministra, garantindo que a situação está “normalizada”:
“Temos ‘stock’ e estamos a trabalhar para haver sempre aprovisionamento. Mas, como o desafio é mundial, o nosso mercado é pequeno, as nossas encomendas são pequenas e às vezes deparamo-nos com algumas dificuldades de acesso ao mercado internacional”, descreveu.
“Existe também um grande desafio que tem que ver com os transportes (…), mas os parceiros acreditam em nós, apostam em nós e estão de mãos dadas connosco para ultrapassarmos mais este desafio”, acrescentou.
A evolução da doença depende das chuvas, porque há falta de saneamento e as águas paradas servem como viveiros de mosquitos, mas também dos resultados do plano de contingência que hoje entrou em vigor, durante dois meses.
Ações de limpeza, pulverização e sensibilização da população vão ser reforçadas com várias equipas no terreno, esclareceu o ministro da Administração Interna, Paulo Rocha, na mesma conferência de imprensa.
A declaração do estado de contingência no país permite um reforço de financiamento “através do fundo de emergência”, para haver “ações mais musculadas”, ao mesmo tempo que se espera uma maior consciencialização da população para a limpeza do meio urbano, detalhou.
“Vencer a dengue significa matar mosquitos”, disse a ministra da Saúde, que pediu o envolvimento de cada família, com “pequenos gestos que salvam vidas”.
Há casas que já foram pulverizadas duas vezes e serão novamente abrangidas, mas é preciso que os terrenos em redor estejam limpos, sem águas paradas, para os mosquitos não voltarem a entrar, exemplificou.
Filomena Gonçalves refutou que o avanço da doença se deva a falhas desde que surgiu o primeiro caso, há cerca de um ano, apontando a situação como uma “batalha global”, relacionada com as alterações climáticas, em que o aquecimento do planeta propicia a multiplicação de mosquitos.
O surto mais grave de dengue em Cabo Verde foi registado em 2009, com 21.000 casos e seis óbitos, todos na ilha de Santiago.
A dengue é uma doença curável, mas que requer atenção médica.
Febre, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações, a par de inflamações na pele, fazem parte dos sintomas da infeção que, nos casos mais graves, pode evoluir para dengue hemorrágica e, no limite, causar a morte.