Ao contrário da pretensão geral da comunidade vareira, as unidades de saúde de Ovar tinham sido integradas pelo anterior governo na ULS de Aveiro, a maior distância, mas, com a chegada de Luís Montenegro ao poder, a medida foi revertida e, embora de concretização inicialmente anunciada para 15 de setembro, cumpriu-se esta terça-feira, cerca de duas semanas mais tarde.

“Esta nova fase fará com que a nossa instituição fique mais forte e revigorada”, declarou à agência Lusa o administrador da ULS EDV, Miguel Paiva, que, entre outros equipamentos, já geria os hospitais da Feira, Oliveira de Azeméis e São João da Madeira, e agora acumula também a supervisão do Hospital Francisco Zagalo, de Ovar.

Para o administrador desta ULS, o alargamento traz deveres e desafios.

“Configura uma grande responsabilidade, mas representa também uma oportunidade para conseguirmos, com o recurso aos meios disponíveis nas unidades de Ovar, oferecer serviços cada vez melhores à população desse concelho, garantindo-lhes melhor acesso aos cuidados de saúde, maior qualidade e diferenciação", disse.

Além do Hospital Francisco Zagalo, transitaram para a gestão coordenada da ULS do Entre Douro e Vouga mais de 10 outras estruturas de saúde de Ovar, entre as quais a Unidade de Convalescença da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, o Centro de Saúde de Ovar e as Unidades de Saúde Familiar João Semana, Laços, Alpha e de São João de Ovar e da Barrinha.

Em termos de recursos humanos, isso representa um universo de 326 trabalhadores, que receberam formação prévia para o novo modelo de funcionamento das unidades onde agora exercem funções, sejam elas as mesmas onde já trabalhavam ou outras sob a gestão da ULS.

Já ao nível da despesa, a transferência também implica reafetação de verbas. “Considerando que deverá haver um acréscimo global da despesa estimado em cerca de 30 milhões de euros e que o orçamento da ULS do Entre Douro e Vouga para 2024 estava fixado em 280 milhões, o nosso orçamento global passará a ser na ordem dos 310 milhões de euros”, afirmou Miguel Paiva.

A inclusão das unidades de saúde de Ovar na ULS EDV colocou um ponto final na contestação social e política que, desde o início de 2023, se opunha à referenciação dos utentes vareiros para os hospitais de Aveiro e Coimbra, situados a distâncias maiores e mais dispendiosas do que as opções associadas à Feira, município que é sede da ULS EDV e também serve os territórios de Arouca, Oliveira de Azeméis, São João da Madeira e Vale de Cambra.