A vice-presidente norte-americana, Kamala Harris, classificou o ex-presidente Donald Trump como uma ameaça às liberdades das mulheres e às suas vidas, alertando que os republicanos continuarão a impedir o acesso ao aborto, caso Trump regresse à Casa Branca.
De acordo com a agência Associated Press, a democrata Kamala Harris está em visita ao decisivo estado da Geórgia, dias depois de o projeto independente de jornalismo de investigação ProPublica ter noticiado que duas mulheres morreram naquele estado depois de não receberem tratamento médico adequado a complicações decorrentes do uso de pílulas abortivas para interromperem as gravidezes.
Para Kamala Harris, estas duas mortes não eram apenas evitáveis, mas previsíveis, devido às leis que têm sido implementadas desde que o Supremo Tribunal norte-americano anulou o ‘Roe v. Wade’ (direito constitucional ao aborto), permitindo assim que os estados proibissem o aborto.
Embora a proibição do aborto na Geórgia, após a sexta semana de gravidez, permita que o mesmo seja feito no início de gravidez para salvar a vida da mãe, os críticos dizem que a lei criou uma confusão perigosa nos médicos, que não percebem quando estão autorizados a prestar cuidados.
“Política boa, política lógica, política moral, política humana é sobre dizer que um prestador de cuidados de saúde só começará a prestar esse cuidado quando estás prestes a morrer?”, questionou Kamala Harris.
A vice-presidente norte-americana, e candidata democrata às eleições presidenciais de novembro deste ano, partilhou a história de Amber Thurman, uma mulher que decidiu fazer um aborto quando voltou a engravidar.
“Ela tinha o futuro todo planeado. E era o seu plano. O que ela queria fazer por ela, pelo seu filho, pelo futuro dos dois”, afirmou.
No entanto, Amber Thurman esperou mais de 20 horas num hospital para realizar um procedimento médico de rotina, chamado dilatação e curetagem, para retirada de tecidos após ter tomado pílulas abortivas. Enquanto esperava, desenvolveu uma septicemia e morreu.
“Ela era amada. E devia estar viva hoje”, disse Kamala Harris, que se tem manifestado abertamente sobre o direito ao aborto desde a decisão do Supremo Tribunal há mais de dois anos.
O opositor de Kamala Harris nas presidenciais, o republicano Donald Trump, demonstrou-se várias vezes orgulhoso por ter ajudado na anulação de ‘Roe v. Wade’ ao nomear juízes conservadores para o Supremo Tribunal, durante o seu mandato como presidente. Trump também disse que apoia exceções à proibição do aborto, em casos de violação, incesto ou risco de vida da mãe.
Uma porta-voz da campanha de Trump disse que como essas exceções estão previstas na Geórgia “não se percebe por que razão os médicos não agiram rapidamente para proteger as vidas das mães”.
A votação presencial antecipada para as eleições presidenciais norte-americanas arrancou hoje em três estados (Minnesota, Dakota do Sul e Virgínia), um marco que deu início a uma corrida de seis semanas até ao dia do escrutínio em novembro, após um verão de forte agitação política.
O início da votação presencial antecipada acontece após um verão turbulento na política norte-americana, que incluiu a desistência do atual Presidente Joe Biden da corrida à Casa Branca e a sua substituição pela vice-presidente Kamala Harris como candidata do Partido Democrata nas eleições marcadas para 05 de novembro.
O verão também ficou marcado pela tentativa de assassinato contra o candidato republicano Donald Trump, durante um comício na Pensilvânia em julho. Já este mês, Trump anunciou que tinha escapado e estava a salvo após uma aparente tentativa de assassinato no seu campo de golfe na Florida.